Após 5 meses, polícia tenta identificar quem matou empresário encontrado em buraco no autódromo de SP


Morte de empresário em Interlagos completa dois meses: o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o caso
Cinco meses após encontrar Adalberto Amarílio Júnior sem vida no Autódromo de Interlagos, a Polícia Civil tenta identificar quem assassinou o empresário e colocou o corpo seminu dentro de um buraco.
Adalberto sumiu em 30 de maio de 2025 após participar do festival de motociclismo no lugar, que fica na Zona Sul de São Paulo.
Seu corpo foi encontrado em 3 de junho numa obra no local. Estava em um espaço com 3 metros de profundidade por 70 centímetros de diâmetro. Sobre ele, o capacete da vítima _mas sem a câmera com a qual havia filmado o evento e postado as imagens nas suas redes sociais.
Adalberto vestia jaqueta, camiseta e cueca, segundo policiais. Estava sem calça nem tênis. Para a investigação, o empresário foi colocado lá por quem o matou. Mas quem fez isso com ele, como e por quê?
Corpo de empresário foi encontrado em buraco no Autódromo de Interlagos
Reprodução
A Polícia Civil investiga se seguranças estão envolvidos no homicídio do empresário encontrado orto num buraco no Autódromo de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo .
O Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) continua trabalhando para identificar a autoria do crime. A hipótese mais provável, segundo os agentes, é a de que Adalberto possa ter discutido com algum segurança ao atravessar alguma área restrita no kartódromo. E depois tenha brigado e sido morto por ele.
Não está descartada a participação de mais pessoas no homicídio, inclusive de frequentadores do evento, já que milhares de visitantes foram ao festival.
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O laudo pericial da Polícia Técnico-Científica concluiu que o empresário teve morte violenta por asfixia. Ainda não se sabe se causada por esganadura (já que foram encontradas escoriações no pescoço dele) ou por compressão torácica (alguém pode ter comprimido o pulmão da vítima com o joelho).
Prédio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no Centro de São Paulo.
Divulgação/SSP
Uma das esperanças da polícia para ajudar a esclarecer como foi o assassinato de Adalberto e apontar quem o matou está num equipamento de Israel.
O software israelense Cellebrite está sendo usado para extrair dados de ao menos 15 celulares e de três computadores apreendidos com a própria vítima, um amigo dela, sete seguranças e dois produtores do evento em Interlagos.
Isso não significa, no entanto, que quem teve o celular apreendido é considerado suspeito de envolvimento no caso. Até porque ainda não há nenhum indício de crime contra ninguém. O objetivo da análise dos aparelhos é tentar encontrar alguma informação que indique a participação de alguém no assassinato.
Adquirida por mais de R$ 11 milhões, a tecnologia pode recuperar conversas apagadas de WhatsApp, fotos, áudios, vídeos, histórico de pesquisa na internet e apontar a geolocalização de quem usou o celular, além de informar quando isso ocorreu.
Os relatórios do Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol) com as extrações dos dados de todos os telefones e computadores apreendidos ainda não ficaram prontos. Eles serão entregues à Equipe D Sul da 1ª Delegacia da Divisão de Homicídios do DHPP, responsável pela investigação.
Empresas de segurança
Possibilidade de trajeto percorrida por empresário morto no autódromo de Interlagos
Reprodução/TV Globo
A Malbork Serviços de Vigilância e Segurança informou à investigação ter levado 13 seguranças para trabalhar no autódromo em 30 de maio, quando Adalberto foi ao festival. Há alguns anos a empresa é responsável pela proteção patrimonial de Interlagos. Por esse motivo, a polícia apreendeu celulares de dois coordenadores da firma.
Procurada pelo g1, a Malbork não se pronunciou.
A ESC Fonseccas Segurança Eirelli, por sua vez, alegou à polícia ter disponibilizado 188 seguranças durante a realização do festival. A empresa cuidou exclusivamente da vigilância do evento. Inicialmente, três de seus coordenadores também tiveram os celulares apreendidos para análise.
Mas como a lista de profissionais que a ESC repassou ao DHPP não tinha os nomes de dois funcionários, a investigação desconfiou. E pediu à Justiça mandados de busca e apreensão para serem cumpridos na própria empresa e em endereços ligados às pessoas que deixaram de ser citadas. Com autorização judicial, policiais apreenderam em 18 de julho quatro celulares e dois computadores.
Uma dessas duas pessoas não mencionadas anteriormente pela ESC é um segurança praticante de jiu-jítsu. Ele acabou detido pela polícia por posse irregular de munições. Foram encontradas 21 balas de revólver calibre 38 _a arma não foi achada. Os cartuchos e o celular dele acabaram apreendidos.
Levado em flagrante à delegacia, ele pagou uma fiança de R$ 1.804 para responder em liberdade ao crime pelo Estatuto do Desarmamento.
Em 22 de agosto, esse segurança que pratica artes marciais se tornou réu na Justiça por posse ilegal de munições. Posteriormente ele será julgado por esse crime. O homem também tem passagens criminais anteriores por furto, associação criminosa e ameaça.
Até a última atualização desta reportagem não havia comprovação, segundo as autoridades, de que esse segurança tenha envolvimento com a morte de Adalberto.
Questionada, a ESC informou que colabora com a investigação, que ainda não foi concluída.
Vídeos do empresário
Polícia trata como crime morte de empresário no autódromo de Interlagos
A investigação policial é acompanhada pelo Ministério Público (MP). Policiais e promotores tentam saber em quais circunstâncias Adalberto morreu e quem o matou. Mas não há vídeos mostrando o crime nem denúncias a esse respeito apontando um ou mais culpados.
As imagens que a investigação tem são as de câmeras de segurança que gravaram Adalberto entrando e caminhando no evento, e passando pelo estacionamento do kartódromo (veja vídeo nesta reportagem). O empresário havia deixado seu carro no local. As cenas não mostram, no entanto, nenhuma briga.
Polícia identifica suspeito de ter matado empresário encontrado morto em buraco em SP
O Departamento de Homicídios já ouviu ao menos 15 pessoas no inquérito que investiga o assassinato de Adalberto. Prestaram depoimentos a viúva e mãe da vítima, o amigo do empresário, representantes do autódromo, do kartódromo e das empresas de seguranças, entre outras.
O processo principal já tem cerca de 300 páginas. Há ainda mais dois processos paralelos sobre o mesmo caso.
Adalberto tinha 35 anos, era dono de uma rede de óticas e casado. Ele não tinha filhos.
Software de Israel ajuda polícia de SP a tentar descobrir quem matou empresário em Interlagos
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Fonte: g1