Ativista oceânico que dribla ordem de prisão do Japão promete na COP30 enfrentar mineração
Um ativista canadense contrário à caça de baleias, que dribla uma ordem de prisão do Japão há mais de uma década, prometeu na COP30 continuar a lutar pela proteção marinha — com foco especial na mineração em águas profundas e na indústria norueguesa de krill.
Paul Watson pediu nesta semana, durante a conferência climática da ONU na cidade amazônica de Belém, que os delegados olhem além das florestas do mundo e lembrem que os oceanos também ajudam a conter as mudanças climáticas, já que o fitoplâncton produz grande parte do oxigênio que respiramos.
Esses organismos fotossintéticos — assim como muitas outras espécies marinhas — estão sob ameaça devido ao aquecimento das águas e ao derretimento do gelo polar causado pelas mudanças climáticas.
O ativista anti-baleias Paul Watson, fundador da Sea Shepherd Conservation Society
Anderson Coelho/Reuters
“Se o fitoplâncton desaparecesse do mar, nós morreríamos”, disse Watson à Reuters, em entrevista a bordo de sua embarcação, a John Paul Dejoria. “Mas tende a ser algo fora de vista e fora da mente. Você vê a floresta; você não vê o fitoplâncton.”
Um dos primeiros membros influentes do Greenpeace nos anos 1970, Watson fundou a Sea Shepherd para focar na proteção dos oceanos. O grupo ganhou atenção internacional ao perseguir traineiras e navios baleeiros em mar aberto, além de outras ações destinadas a atrapalhar atividades de prospecção marítima.
O ativista anti-baleias Paul Watson, fundador da Sea Shepherd Conservation Society e da Captain Paul Watson Foundation, concede uma entrevista à Reuters a bordo de seu navio, durante sua participação na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém, Brasil, em 12 de novembro de 2025.
Anderson Coelho/Reuters
Watson celebrou o fim da caça baleeira japonesa em águas internacionais em 2019, após a Corte Internacional de Justiça considerar ilegal a atividade no Oceano Antártico. Em 2022, ele criou a Captain Paul Watson Foundation.
Agora, ele diz que está voltando suas atenções para proteger criaturas ainda menores — especificamente o krill, principal fonte de alimento de algumas espécies de baleias.
Quando o Tratado do Alto-Mar entrar em vigor em janeiro, Watson planeja contestar a captura de krill pela Noruega, usada para alimentar seus criadouros de salmão.
“Queremos confrontar a pesca norueguesa de krill naquele dia”, afirmou. “Eles estão tirando 620 mil toneladas de krill do Oceano Antártico, direto da boca das baleias e dos pinguins.”
Ele também pretende enfrentar iniciativas de extração de minerais raros do fundo do mar — um processo que cientistas alertam poder destruir ecossistemas pouco conhecidos.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou a aceleração dos esforços americanos de mineração em águas profundas.
Quando Watson chegou a Belém há duas semanas, o Japão enviou um pedido ao Brasil para prendê-lo, por acusações de invasão relacionadas a supostos danos a um navio baleeiro e ferimentos a um tripulante.
Watson não está preocupado. Nos últimos dias, ele participou de diversos eventos públicos ao lado de autoridades brasileiras, incluindo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a primeira-dama, Rosângela da Silva.
Uma fonte do governo brasileiro disse à Reuters que não pretende prender Watson.
“O Japão me segue para todos os lugares. E em todos os lugares onde vou, eles tentam me prender”, afirmou ele sobre seus 14 anos fugindo das autoridades japonesas. Em julho, a Interpol rejeitou um mandado internacional de prisão emitido em 2012 contra Watson, que nega as acusações japonesas.
Fonte: g1
