Avanços tecnológicos devem ajudar consumidores a economizar na conta de luz, diz diretor da Aneel


Avanços tecnológicos e a queda no custo dos medidores inteligentes estão entre os fatores que incentivam a modernização das tarifas de energia e devem facilitar a economia na conta de luz, afirmou nesta quarta-feira (12) o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa.
Na semana passada, a área técnica da agência propôs que a conta de luz passe a variar de acordo com o horário de consumo, com o objetivo de impulsionar o uso mais racional da energia elétrica e reduzir custos no sistema. A iniciativa ainda está em estudo (veja mais aqui).
Para Feitosa, o modelo atual de tarifa de energia elétrica para baixa tensão é ineficiente. Ele reconhece, contudo, que, sem os recursos tecnológicos disponíveis hoje, havia poucas alternativas para aprimorá-lo.
“A tarifa não traz sinais de preço, não reconhece o custo da energia elétrica ao longo do dia e também ao longo do ano. É uma formatação ineficiente”, disse.
Veja os vídeos que estão em alta no g1
“Mas nós tínhamos que conviver com essa tarifa porque não tínhamos inovação tecnológica para fazermos essa migração eficiente, sem pressionar a tarifa energia elétrica ao consumidor final”, acrescentou.
“A inovação tecnológica que barateou bastante o preço dos medidores, as tecnologias de digitalização, maior interconectividade da sociedade, e também demanda de consumo de energia cada vez mais qualificado, ou seja, tudo isso misturado dá um cenário ideal, perfeito, para que nós tenhamos uma resposta para uma realidade”, destacou o diretor-geral da Aneel.
Por outro lado, Feitosa observou que o perfil mais dinâmico do consumidor impõe novos desafios à operação tradicional do sistema elétrico.
Segundo ele, o setor era historicamente baseado em uma matriz hidrotérmica, com ampla oferta de recursos hidrelétricos — o que permitia apenas complementar a geração com usinas térmicas nos horários de pico, quando o consumo de energia é maior.
Mas, atualmente, a situação é diferente. “Hoje temos uma variabilidade na geração e temos também, de alguma forma, que respondermos a essa variabilidade na geração com uma variabilidade na carga”, disse Sandoval, complementando que a forma mais adequada de fazê-la é com “sinal de preço”.
O que diz a proposta
Como mostrou o g1, a proposta prevê a criação de três classificações de horário:
💡pico, com tarifa mais alta;
💡intermediário, que corresponde normalmente a uma hora antes e uma hora depois do pico;
💡e fora de pico, que inclui madrugada, fins de semana e feriados.
Em cada faixa, o preço da energia seria diferente, refletindo a demanda do sistema.
Sandoval ressaltou que, dependendo da área de concessão, a tarifa “fora de pico” pode ser até 50% mais barata que a tarifa de pico e 15% do que a convencional.
‘Hora certa’ para consumir energia
Segundo técnicos envolvidos no estudo, a mudança busca dar um “sinal de preço” ao consumidor, deixando claro quanto custa a energia em cada momento do dia.
“A ideia é indicar a hora certa de consumir”, explicou uma fonte que participa das discussões.
Atualmente, a tarifa é uniforme, independentemente do horário de uso. Isso significa que quem consome energia nos períodos de pico paga o mesmo valor de quem utiliza o serviço em horários de menor demanda.
Com o novo modelo, o objetivo é educar o consumidor para concentrar o consumo em horários mais baratos, o que poderia gerar redução na conta de luz ao longo do tempo.
Fontes da Aneel admitem, porém, que a adaptação será gradual, já que o comportamento de consumo tende a mudar de forma lenta.
Implementação gradual
De início, o sistema deve abranger consumidores com maior consumo mensal, acima de 1.000 kWh/mês — grupo que inclui residências grandes e estabelecimentos comerciais.
Essa fase atingiria cerca de 2,5 milhões de unidades consumidoras, responsáveis por 25% do consumo de baixa tensão no país, e começaria em 2026.
Na segunda etapa, prevista para 2027, o modelo seria estendido a quem consome acima de 600 kWh/mês, o que incluiria outro grupo de 2,5 milhões de unidades.
A proposta ainda não tem efeito imediato. Por enquanto, o texto é apenas uma nota técnica, documento de caráter instrutório que precisa ser submetido à consulta pública e, depois, aprovado pela diretoria da Aneel.
Durante o debate, o colegiado também deve discutir se o consumidor poderá optar por retornar ao modelo atual após um período de adaptação.
Sandoval de Araújo Feitosa Neto, diretor da Aneel, durante reunião em comissão do Senado
Roque de Sá/Agência Senado

Fonte: g1