
Bairros afundados em Maceió
Arquivo Pessoal
A Braskem e o governo de Alagoas anunciaram na terça-feira (11) um acordo no valor de R$ 1,2 bilhão em virtude dos danos ambientes e afundamento do solo causados pelo trabalho de extração de sal-gema em bairros de Maceió. Conforme a petroquímica, o montante será pago ao longo de 10 anos.
A empresa também afirmou que já desembolsou R$139 milhões do total acertado e que as parcelas para quitar o restante serão variáveis e corrigidas até 2030.
Ainda conforme a nota divulgada pela petroquímica, o acordo prevê compensação, indenização e ressarcimento ao Estado para a reparação integral de todo e qualquer dano patrimonial e extrapatrimonial.
A medida também extingue uma ação movida pelo governo de Alagoas contra a empresa, e ainda depende de homologação judicial.
“O acerto representa um significativo e importante avanço para a companhia em relação aos impactos decorrentes do evento geológico em Alagoas”, afirma, ainda em nota, a Braskem.
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O que dizem as vítimas da Braskem
Ao g1, Maurício Sarmento, diretor da Associação do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), analisa que a Braskem destruiu Maceió e inviabilizou o desenvolvimento da cidade.
Ele afirma, ainda, que os danos causados pela empresa petroquímica foram estimados pelo próprio governo de Alagoas em R$30 bilhões.
“Mesmo assim, o Estado firmou um acordo de apenas R$ 1,2 bilhão”
Maurício avalia ainda que a população vai arcar com uma conta de R$5 bilhões, valor que, de acordo com ele, o governo pretende investir na reestruturação da grande Maceió.
“Uma despesa que, na verdade, deveria ser integralmente custeada pela Braskem”, diz.
O g1 procurou o governo de Alagoas em busca de um posicionamento, mas até a publicação desta reportagem, não houve retorno.
Relembre o caso
A mineração em Maceió começou na década de 1970, com a antiga Salgema Indústrias Químicas, atual Braskem, autorizada pelo poder público a extrair sal-gema de minério usado na produção de soda cáustica e PVC.
Em 2018, surgiram as primeiras rachaduras no bairro do Pinheiro. Pouco depois, um tremor de terra agravou a situação e causou danos estruturais em diversas casas. No ano seguinte, o problema se espalhou para Mutange, Bebedouro, Bom Parto e parte do Farol, levando à evacuação de milhares de moradores.
Em maio de 2019, o Serviço Geológico do Brasil confirmou que a extração de sal-gema pela Braskem havia provocado a instabilidade do solo. Desde então, mais de 14 mil imóveis foram desocupados, afetando cerca de 60 mil pessoas.
A Braskem anunciou o fechamento definitivo das minas ainda em 2019 e iniciou o processo de estabilização das 35 cavidades subterrâneas. Dessa maneira, um programa de compensação financeira foi criado para indenizar os moradores, embora muitos ainda contestem os valores na Justiça.
Em 2023, após novos tremores e alertas da Defesa Civil, parte da mina 18 cedeu sob a Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange. O colapso foi controlado após o preenchimento da cavidade com rocha e água da lagoa.
O primeiro representante da Braskem foi ouvido em 2024 pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga a empresa, o diretor Marcelo Arantes reconheceu a culpa da empresa pelo afundamento de bairros da capital de Alagoas que causou o deslocamento de, ao menos, 40 mil pessoas.
Em julho de 2025, a Defensoria Pública de Alagoas pediu indenização de R$ 4 bilhões para compensar a desvalorização de imóveis de moradores de bairros vizinhos ao evento geológico.
Fonte: g1
