Cássio Fala Pira: prisão temporária de vereador denunciado por crimes sexuais em Piracicaba é prorrogada


Vereador Cássio Fala Pira é acompanhado por policial após prisão
Reprodução/ EPTV
A Polícia Civil informou que a prisão temporária do vereador Cássio Luiz Barbosa, conhecido como Cássio Fala Pira (PL), de Piracicaba (SP), foi prorrogada por mais 30 dias. Ele foi denunciado por supostos crimes sexuais, mas nega as acusações e afirma que vai provar sua inocência.
Segundo a delegada de Defesa da Mulher de Piracicaba (DDM), Olívia Fonseca, até esta quarta-feira (5), 12 vítimas procuraram a unidade policial para realizar denúncias contra o vereador. Além disso, quatro testemunhas também foram ouvidas.
“O vereador seguirá preso. As diligências no inquérito policial seguem em segredo de Justiça”, detalhou a delegada.
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A prisão temporária do vereador foi decretada no último dia 9 de outubro, após audiência de custódia. O primeiro prazo, de 30 dias, terminaria no dia 8 de novembro.
Ao g1, um dos advogados de Cássio, Jonas Parisotto, informou que a defesa já está ciente da prorrogação da prisão.
“A Defesa do Vereador Cássio Luiz Barbosa está ciente da prorrogação da sua custódia e segue exercendo as suas prerrogativas e atuação independente, trabalhando de forma incansável para fazer valer o direito à ampla defesa, ao contraditório e à presunção de inocência do custodiado”, comunicou.
Confira os argumentos da defesa em relação às acusações ao final da reportagem.
Vereador Cássio Fala Pira é preso por crimes sexuais em Piracicaba
Transferido para Tremembé
Após audiência de custódia, no dia 10 de outubro, a Justiça manteve a prisão do vereador.
O parlamentar foi encaminhado para a cadeia de Tremembé (SP), conhecido como o presídio dos famosos, por onde já passaram criminosos como Suzane von Richtofen, Elize Matsunaga, Daniel e Cristian Cravinhos, Alexandre Nardoni e Roger Abdelmassih.
O que se sabe
Cássio Fala Pira foi denunciado por 12 mulheres por supostos crimes sexuais até esta quarta-feira (5).
Em um dos casos, mostrado com exclusividade pela EPTV, afiliada da TV Globo no dia 2 de outubro, a denunciante afirmou que os abusos aconteceram dentro do gabinete do vereador na Câmara Municipal, quando o acionou porque precisava de emprego.
Ela relatou que o parlamentar teria tocado em partes íntimas do seu corpo e colocado as mãos dela à força nas partes íntimas dele. E que o abuso aconteceu depois que ela o acionou porque procurava um emprego.
Em outro caso, também revelado pela EPTV, a denunciante disse que foi abusada duas vezes, em situações nas quais o vereador teria lhe oferecido cesta básica e um emprego.
Uma terceira denunciante relatou à Polícia Civil que conhece Cássio devido a ações políticas dele em seu bairro e que o parlamentar, em diferentes vezes, fez comentários sexuais sobre seu corpo e, em um dos episódios, passou a mão em sua cintura e quadril.
A Polícia Civil cumpriu quatro mandados: um de prisão, na casa do parlamentar, e outros três de busca e apreensão, em um escritório de Cássio localizado no bairro Vila Sônia e em seu gabinete na Câmara Municipal. Foram apreendidos computadores e celulares.
Cássio foi levado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Piracicaba e ao Instituto Médico Legal para a realização de exames. O vereador ficou preso no 1º DP e, depois, foi transferido ao complexo prisional de Tremembé (SP).
Segundo a Câmara Municipal de Piracicaba, a convocação do suplente – que é Fabrício Polezi – para substituir o vereador só ocorrerá se o parlamentar ficar fora do cargo por mais de 120 dias.
Com a prisão temporária, Cássio pediu afastamento sem remuneração até 16 de dezembro e o pedido foi aprovado em plenário por 19 votos a 1.
No entanto, no dia 13 de outubro, a Câmara publicou um ato da presidência que suspende a função pública do parlamentar. A medida cumpriu determinação judicial.
Em comunicado, a Câmara declarou que acompanha de perto o “desenrolar dos acontecimentos” e todas as medidas administrativas e regimentais cabíveis serão tomadas.
Em nota, o Diretório Municipal do Partido Liberal (PL) de Piracicaba reconheceu a gravidade das denúncias e afirmou que, se foram confirmadas, vai abrir processo disciplinar que poderá levar à expulsão do parlamentar da legenda.
Também em nota, a defesa de Cássio classificou as denúncias como “frágeis”, disse que o vereador ainda não teve a oportunidade de dar sua versão à polícia e que sua inocência será provada (veja o texto na íntegra no final da reportagem).
Advogado do parlamentar, Jonas Tadeu Parisotto também afirmou que tem conhecimento “de grupos que têm interesse político nessa questão”.
O que falta saber
As investigações estão em andamento. Segundo a polícia, a prisão ocorreu para que elas continuem sem possíveis interferências do suspeito.
A Polícia Civil ainda não divulgou quais são as provas reunidas contra o investigado.
Também não foi divulgado o teor das denúncias feitas por todas as nove mulheres contra o parlamentar.
A defesa de Cássio também não apresentou à imprensa, ainda, quais são as provas que disse possuir para provar sua inocência.
Vereador de Piracicaba se pronuncia sobre denúncias de crimes sexuais
Defesa diz que ‘prisão é ilegal’
Os advogados do vereador Cássio Fala Pira consideram que a manutenção da prisão é ilegal.
“Ocorre abuso de autoridade e constrangimento ilegal com nosso cliente. Vamos tomar as providências cabíveis. No nosso entendimento, a prisão temporária dele deveria ter sido de cinco dias e, excepcionalmente, prorrogada por mais cinco dias”, disse o advogado Jonas Parisotto.
Segundo a defesa, o vereador está tranquilo em relação às acusações.
“As acusações não procedem. Ele se diz inocente. Nós acreditamos porque já olhamos todos os depoimentos e não há nada contundente, que diga que ele cometeu qualquer abuso contra qualquer pessoa lá [nos registros] relacionada.
‘Efeito manada’, diz advogado
Outro advogado de defesa do vereador, Osmir Bertazzoni, explica que as supostas denúncias seguiram o que chamou de ‘efeito manada’.
“Uma [mulher] foi e fez a denúncia. A denúncia é infundada, até porque nós temos provas de que ela não estava sozinha com o Cássio. O sistema de segurança da Câmara mostra que ela mentiu. Atrás dela, fizeram grupos nas redes sociais para as pessoas denunciarem. Por uma série de motivos, um cargo prometido, algo que prometeu fazer e não conseguiu, as pessoas acabam lançando esses ataques. As pessoas estão mentindo. Isso será provado nos autos do processo”, declarou.
Cássio Fala Pira acompanha polícia durante cumprimento de mandados de busca
Reprodução/ EPTV
A seguir, veja nota da defesa de Cássio Fala Pira na íntegra:
“A defesa técnica e constituída pelo Vereador Cássio Luiz Barbosa, vem, por meio desta nota, esclarecer, publicamente, os fatos relacionados às acusações dirigidas a ele, às quais não correspondem à verdade.
Os relatos apresentados por supostas ‘vítimas’, carecem de verossimilhança e não encontram respaldo nas frágeis acusações produzidas em redes sociais que se consubstanciam, em cancelamento e linchamento virtuais, violando a honra e a imagem do vereador, do cidadão e do pai Cássio Luiz Barbosa.
Releva notar, que a autoridade policial que preside o inquérito na Delegacia de Defesa da Mulher e que redundou na precoce representação de prisão temporária junto ao Poder Judiciário, sequer teve o cuidado e a prudência de convocar o Vereador Cássio, para dar-lhe a oportunidade de esclarecer os supostos fatos e acusações vindo, em maioria, de usuários da internet, que se colocam como juízes e, ao mesmo tempo, se enxergam como carrascos, promovendo o linchamento virtual, tendo em vista que o espaço virtual lhes dá esse poder, sem que nenhuma penalidade lhes sejam impostas.
Ressalta-se que o Vereador Cássio Luiz Barbosa, assim como qualquer cidadão brasileiro, possui o direito constitucional à presunção de inocência, à ampla defesa e ao contraditório e do devido processo legal, diante do princípio da dignidade da pessoa humana.
A prisão, ainda que temporária, no entendimento da Defesa, é medida excepcional, diante do princípio da dignidade da pessoa humana, de qualquer forma, reitera, nesta oportunidade, a sua confiança na Justiça e reafirma que, ao final do processo, sua inocência será comprovada”.
Vereador Cássio Luiz Barbosa, o Cassio Fala Pira, de Piracicaba
Rubens Cardia/ Câmara Municipal de Piracicaba
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Fonte: g1