'Cobrança da dívida': delegado descreve ciclo de violência da agiotagem, cita morte de empresário e outros crimes


Estrangeiros suspeitos de agiotagem cobravam juros de mais de 30% no Piauí
“O problema maior nasce quando a cobrança da dívida escalona para algo pior”, disse o delegado Yan Brayner, diretor de Inteligência da Polícia Civil do Piauí sobre a prática da agiotagem no estado. 15 suspeitos de oferecer os empréstimos informais foram presos na Operação Macondo, deflagrada nesta terça-feira (11). A Justiça também determinou o bloqueio de R$ 5 milhões nas contas dos investigados.
Segundo o delegado, a prática de oferecer dinheiro, cobrar juros acima do limite permitido em lei ou estipular um lucro patrimonial excessivo é crime previsto no artigo 4° da Lei de Usura, mas os maiores riscos começam com as maneiras com que os suspeitos agem para cobrar os valores dos clientes. Yan Brayner destacou que casos de ameaças, extorsões, suicídios e homicídios estão entre as práticas de suspeitos.
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“O problema não e só a agiotagem, e sim todo o ecossistema dessa prática. Investigamos ameaças, extorsões, suicídios e até homicídios. Então, o nosso objetivo é coibir essa cadeia desde o início”, iniciou o delegado Yan Brayner.
Entre os casos, o delegado apontou que cinco dos suspeitos presos são apontados como responsáveis pelo suicídio de um empresário que não conseguiu cumprir as exigências do grupo na capital.
O diretor de Inteligência destacou ainda que o grupo é suspeito de homicídios decorrentes da cobrança de dívidas ocorridos nas cidades de Parnaíba e Oeiras.
“Os suspeitos desses homicídios já haviam sido presos e alguns dos presos hoje eram substitutos desses agiotas”, detalhou o delegado.
Ouvintes relatam ameaças constantes
Ouvintes da Rede Clube relataram casos que envolvem a venda de meios de transporte e casas para quitar dívidas feita com agiotas, e até suicídio após ameaças constantes.
Um dos ouvintes que preferiu não se identificar contou que uma familiar cometeu suicídio após sofrer ameaças diárias na porta da própria casa para pagar uma dívida que fez com um agiota que trabalha na capital. Segundo o relato, a vítima entrou em uma série de dívidas para tentar salvar um empreendimento que passava por problemas e tirou a própria vida após ver o cobrador na porta de casa mais uma vez.
“Ela estava muito desestabilizada, vulnerável e não aguentou a pressão. Foi muito dolorido e eles chegaram a cobrar um dia depois do velório”, relatou a familiar.
Em outro caso, um ouvinte revelou que os pais tiveram que vender a própria casa para quitar uma dívida feita com agiotas após ameaças constantes. Segundo ele, a dívida foi de R$ 5 mil para R$ 40 mil. O homem contou que não teve coragem para denunciar o caso.
Outro ouvinte relatou que não consegue trabalhar por medo das ameaças de morte feitas pelo agiota com que fez uma dívida. Segundo ele, pediu o empréstimo de cerca de R$ 5 mil e já não consegue mais quitar por causa dos juros abusivos.
Como proceder após realizar dívidas com agiotas?
O delegado Yan Brayner orientou que o ideal é não entrar em esquemas de empréstimos informais, devido aos sérios riscos, mas que a vítima deve buscar auxílio imediato da polícia após sofrer uma primeira ameaça.
Ainda de acordo com o diretor de Inteligência, quem se sentir ameaçado deve procurar delegacias para registrar o crime e auxiliar na identificação do suspeito ou realizar um boletim de ocorrência através do B.O Fácil.
Para utilizar o serviço, a população deve entrar em contato com o número 0800 086 0190 pelo WhatsAppp.
Estrangeiros suspeitos de agiotagem cobravam juros de mais de 30%, diz polícia
Divulgação/SSP-PI
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Fonte: g1