Mineira é condenada a mais de 2 anos de prisão no Camboja
O que parecia ser uma oportunidade de emprego para tentar a vida fora do país virou um pesadelo para a arquiteta Daniela Marys Costa Oliveira. Segundo familiares, a mineira foi condenada injustamente a dois anos e seis meses de prisão no Camboja após ser vítima de um suposto esquema de tráfico humano e se recusar a participar de golpes no Sudeste Asiático.
A brasileira está detida há cerca de oito meses, quando policiais cambojanos teriam encontrado drogas ilícitas no banheiro do lugar onde ela morava. A decisão pela condenação foi publicada nesta quarta-feira (12) e ainda não é definitiva.
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A família alega que criminosos forjaram um flagrante depois que Daniela se negou a trabalhar com golpistas. Entenda, a partir dos pontos abaixo, como a brasileira deixou o país em busca de trabalho e acabou condenada à prisão no Camboja:
Por que e como a brasileira deixou o país
Qual era o trabalho dela
Onde ela está presa
Como ela acabou condenada
Daniela Marys Costa Oliveira foi presa no Camboja. Família denuncia tráfico de pessoas e crime forjado.
Arquivo pessoal
Por que e como a brasileira deixou o país
Daniela saiu de Belo Horizonte, em Minas Gerais, com destino a João Pessoa, na Paraíba, onde morou entre novembro de 2024 e o começo de 2025. No início do ano, deixou o país em busca de uma vaga de telemarketing no Camboja, sob a promessa de um alto salário.
A arquiteta embarcou no fim de janeiro, mesmo contra a vontade da família. Até fevereiro, mãe e filha se comunicavam normalmente por aplicativos de mensagem on-line. Em março, parentes passaram a receber mensagens suspeitas, enviadas por supostos golpistas que se passavam pela brasileira.
De acordo com familiares, a mulher descobriu que o trabalho, a quase 17 mil quilômetros de casa, envolvia aplicar golpes on-line. Ao tentar abandonar o “emprego”, ela foi presa sob a acusação de posse de drogas.
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“A clínica da Faculdade de Direito da UFMG, que nos apoia e assessora, já esta ciente do caso e preparará tudo que for preciso, uma vez que minha irmã é inocente e esta sendo injustiçada. Não podemos nunca esquecer que ela foi vítima de um esquema de tráfico de pessoas”, disse a irmã dela, Lorena Mara Costa Oliveira.
Parentes alegam que traficantes de pessoas forjaram o crime depois de ela voltar de um treinamento e ainda extorquiram R$ 27 mil da família como uma suposta multa de rescisão contratual.
“A gente não entendeu muito bem. Ela nos comunicou que o passaporte dela foi retido, então a gente já começou a achar isso muito estranho […]. Não parecia uma coisa muito lícita de estar fazendo, e ela decidiu vir embora. O terror começou aí”, afirmou Lorena.
Qual era o trabalho dela
Conforme os familiares, a mineira é fluente inglês, formada em arquitetura e só percebeu que o trabalho era ilegal quando chegou ao Camboja. Ela comunicou à suposta empresa que queria ir embora, mas segundo o que Daniela relatou à família, não houve chance de negociação com os “patrões”.
“Eles não aceitaram que ela viesse embora. Aí, quando foi no dia 26 de março, na hora que ela voltou para o quarto dela, a polícia já estava lá. Apreenderam três pílulas que não eram dela, estavam nas coisas dela, e ela foi presa”, contou a irmã.
Após a prisão, criminosos teriam se passado pela brasileira por meio do WhatsApp para extorquir a família. A mineira, que continua presa, teve o pedido de exame toxicológico negado, o que, de acordo com os parentes, poderia comprovar que não estava consumindo as drogas encontradas com ela.
Onde ela está presa
A arquiteta foi presa em março deste ano. Atualmente, ela está na Prisão Provincial de Banteay Meanchey, no Norte do Camboja. A unidade tem histórico de superlotação, registro de morte e até inundações.
Ao g1, a mãe dela, Myriam Marys, disse que a cela onde a filha está é uma das que estão superlotadas, com cerca de 90 mulheres no mesmo espaço.
Noticiários do Camboja chegaram a mostrar que as prisões do país, incluindo a penitenciária onde a brasileira está, operam com capacidade acima de 200%. Também conforme a mídia local, em dezembro de 2024, cerca de 75% das pessoas presas estavam em regime de prisão preventiva e não haviam sido julgadas formalmente por nenhum crime até aquele momento.
Como ela acabou condenada
Daniela Marys Oliveira foi acusada de uso e posse de drogas. No dia 23 de outubro, ela foi julgada pela Justiça cambojana. Na ocasião, o magistrado responsável adiou a leitura da sentença para analisar o caso.
Conforme o código de processo penal do Camboja, esse período de hiato entre o julgamento e o resultado é justificado como um prazo para que seja possível fazer uma fundamentação teórica escrita pelos juízes para que as razões de culpabilidade, ou não, sejam elencadas, juntamente com as provas. A condenação foi publicada nesta quinta-feira (12).
A Justiça sentenciou a brasileira a cumprir dois anos e seis meses de prisão. Cabe recurso da decisão.
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Fonte: g1
