COP30: G77+China recebem o primeiro 'Raio do Dia' por proposta de mecanismo global para transição justa


O que é o prêmio fóssil do dia?
O tradicional “Fóssil do Dia” da COP, prêmio que costuma ironizar países que bloqueiam avanços nas conferências do clima da ONU, teve nesta terça-feira (11) uma versão diferente.
Em vez do antiprêmio negativo, o destaque foi positivo: o “Raio do Dia” (“Ray of the Day”) foi entregue ao G77+China, grupo que reúne 134 países em desenvolvimento.
O bloco foi reconhecido por propor a criação de um mecanismo de Transição Justa sob a Convenção do Clima da ONU (UNFCCC).
A ideia é garantir que a mudança para uma economia de baixo carbono aconteça de forma inclusiva, equitativa e sem endividar os países mais pobres.
📝ENTENDA: A proposta defende que o novo mecanismo fortaleça o diálogo social, promova a troca de conhecimento entre setores, integre a justiça e a equidade em todas as etapas de implementação e mantenha as pessoas, e não os lucros, no centro da ação climática.
“O G77+China acaba de lançar um desafio. Depois de anos de conversa vazia, os países em desenvolvimento estão exigindo o que esse processo ainda não entregou: um mecanismo real para fazer a transição justa acontecer”, afirmou Anabella Rosemberg, assessora sênior da Climate Action Network International, que organiza as premiações diárias.
O gesto do G77+China foi descrito como “um sopro de liderança e cooperação” em meio às tensões da conferência.
A proposta também ecoa reivindicações da sociedade civil reunida no Mecanismo de Ação de Belém (BAM), que pede mais coordenação global e financiamento não oneroso para trabalhadores e comunidades afetadas pela transição.
“É hora de passar do diálogo à entrega, das palavras calorosas às casas aquecidas, e das promessas às práticas”, destacou o comunicado do grupo.
Para observadores, a iniciativa do G77+China pode abrir caminho para um consenso em torno da transição justa, tema central da COP30, apelidada de “COP da Verdade” pela presidência brasileira.
Países membros do Grupo dos 77, o maior bloco de países em desenvolvimento dentro das Nações Unidas.
Wikimedia/Domínio Público
Do “fóssil” ao “raio”
Criado em 1999, o Fóssil do Dia é um dos eventos mais simbólicos das COPs.
O prêmio, geralmente negativo e bem-humorado, vai para países que, na visão de organizações da sociedade civil, atrapalham o progresso das negociações.
Já o Raio do Dia é a exceção: reconhece quando uma delegação “traz luz” e contribui de forma construtiva para o processo.
🏆O prêmio Fóssil do Dia é simbólico e irônico, concedido uma vez por dia durante as conferências climáticas da ONU, desde 1999. O nome faz alusão aos combustíveis fósseis, principal fonte de emissão de gás carbônico.
A lógica é: leva o prêmio o país (ou grupo) que, naquele dia, teve a pior atuação em relação à proteção do meio ambiente – seja por decisões, discursos, bloqueios de negociação ou falta de ambição climática.
O antiprêmio (e o prêmio) não faz parte da organização oficial da COP. Quem organiza e escolhe os vencedores é o Climate Action Network, uma rede de organizações da sociedade civil presente em mais de 130 países.
a COP 30 e nosso futuro
O Brasil já levou o Fóssil do dia em algumas ocasiões. Em 2023, por exemplo, por ter aderido à Opep +, que são aliados que cooperam com a organização dos países exportadores de petróleo.
Na COP29, realizada em 2024, o primeiro Fóssil do Dia foi para o G7, o grupo das maiores economias do mundo.
Segundo os organizadores, o bloco não apresentou avanços no financiamento climático destinado a países mais pobres, o que é considerado essencial para uma transição global justa.
Ativistas participantes da COP 25, a cúpula do clima da ONU, em Madri, representaram Brasil, Austrália e Japão, os ‘vencedores’ do prêmio simbólico ‘Fóssil do Dia’
Divulgação/CAN
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Fonte: g1