
PF prende advogados do núcleo jurídico do CV no AM; grupo repassava ordens de chefes
A Polícia Federal investiga um esquema de tráfico de drogas no Amazonas que envolvia advogados e integrantes da cúpula do Comando Vermelho (CV), com base no Rio de Janeiro e em outros países da América do Sul. Segundo a PF, os criminosos mantinham contato direto para definir estratégias da facção e movimentar o dinheiro do tráfico.
Quatro advogados que integravam o núcleo jurídico do CV no Amazonas foram presos nesta quinta-feira (6), em Manaus, durante a Operação Roque. A ação foi um desdobramento da Operação Xeque-Mate, realizada um mês antes, que teve como alvo a cúpula da facção e o esquema de lavagem de dinheiro que praticavam no estado.
A operação anterior também teve como principal alvo Alan Sérgio Martins Batista, o “Alan do Índio”, apontado como chefe do Comando Vermelho no Amazonas. Ele continua foragido e, de acordo com a PF, usa identidades falsas e teria feito cirurgias plásticas para evitar ser reconhecido.
De acordo com a investigação, o grupo ligado a Alan do Índio, um dos 13 conselheiros da facção, articulava ações com suspeitos que controlam o tráfico em outros estados e países da América do Sul.
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“Os criminosos se articulavam por meio de troca de mensagens e visitas a presídios para impactar decisões estratégicas da facção e promover repasses financeiros”, explicou o delegado João Paulo Garrido, superintendente da PF no Amazonas.
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A PF afirma que os advogados presos na Operação Roque repassavam ordens dos chefes do Comando Vermelho no Amazonas, recebidas durante visitas a presídios. Além disso, auxiliavam na coordenação do transporte de drogas vindas da Colômbia e na lavagem de dinheiro do tráfico.
Segundo as investigações, os advogados funcionavam como elo entre os líderes presos e os responsáveis pelos pontos de venda de drogas no estado, atuando também na logística e movimentação financeira da facção.
A PF aponta ainda que integrantes da cúpula do Comando Vermelho no Amazonas repassavam orientações a advogados de fora do estado, um deles estaria no Rio de Janeiro e teria escapado da operação da semana passada no Complexo da Penha.
A defesa dos presos afirmou que eles exercem a advocacia de forma legal para pessoas que cometeram crimes e negou envolvimento com a facção.
‘Garotos de recado’, logística e lavagem de dinheiro
Advogados presos durante operação contra o Comando Vermelho no Amazonas
Rede Amazônica
As investigações apontam que os advogados Alisom Joffer Tavares Canto de Amorim, Gerdeson Zueriel de Oliveira Menezes, Janai de Souza Almeida e Ramyde Washington Abel Caldeira Doce Cardozo usavam o direito de visita profissional para repassar bilhetes, ordens e dinheiro entre chefes presos e integrantes do tráfico em liberdade.
Segundo a PF, cada um deles exercia uma função específica dentro da estrutura da facção, como:
📩 Repassar ordens de chefes presos a integrantes que atuam no comércio de drogas;
💸 Lavar dinheiro obtido com o tráfico;
🚛 Ajudar na logística de envio de drogas que vinha da Colômbia;
📞 Coordenar represálias e negociações entre criminosos de diferentes estados;
🔗 Servir de elo entre chefes presos e pontos de venda de drogas no Amazonas.
Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão em endereços residenciais e profissionais em Manaus.
A polícia afirma que as prerrogativas da profissão estavam sendo usadas indevidamente para:
➡️coordenar represálias e cobranças;
➡️intermediar acordos entre estados;
➡️e movimentar recursos ilegais da facção.
A Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi acionada para acompanhar a operação. A OAB informou que se manifestará de forma oficial assim que a operação for concluída.
A entidade afirmou que eventuais violações às prerrogativas verificadas durante a ação estão sendo apuradas e que as providências cabíveis serão adotadas, inclusive com comunicação à autoridade judicial que expediu os mandados.
Antes e depois de Alan do Índio, chefe do Comando Vermelho no Amazonas e alvo de operação da PF.
Reprodução
Operação mira advogados do Comando Vermelho no Amazonas
Fonte: g1
