Cúpula dos Líderes: discursos dão tom de como países abordam questões fundamentais da COP30


Mais de 50 chefes de Estado e de governo discursam nesta quinta-feira (6) na sessão plenária da Cúpula dos Líderes da COP30. Nas falas, os líderes apresentam suas propostas sobre combate às mudanças climáticas e o financiamento para a transição verde.
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António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, foi o primeiro a discursar. Em sua fala, o chefe da ONU criticou o investimento em combustíveis fósseis e afirmou que o mundo fracassou em garantir a manutenção da temperatura global abaixo de 1,5°C.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou logo na sequência. Durante o discurso de abertura da sessão plenária, afirmou que “interesses egoístas e imediatos preponderam sobre o bem comum” quando se trata de combate às mudanças climáticas.
O que é a Cúpula dos Líderes?
O encontro marca a abertura política da Conferência do Clima da ONU, que terá suas negociações formais entre 10 e 21 de novembro.
🌎ENTENDA: Em outras COPs, como Glasgow (2021) e Dubai (2023), as reuniões de chefes de Estado ocorreram junto à abertura oficial. Segundo a presidência da COP30, desta vez a ideia é que os líderes se encontrem antes do início formal da conferência, para liberar os negociadores e ampliar o tempo dedicado às decisões climáticas mais complexas.
O evento, organizado pela Presidência brasileira, reúne governantes, vice-presidentes e ministros de cerca de 140 países.
Segundo o Itamaraty, a cúpula busca dar “direção política” às negociações, sem caráter deliberativo.
“A cúpula não é deliberativa. O que é deliberativo é a COP. Não há ideia de documento final na cúpula, isso será da conferência”, explicou o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente.
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Nem todos os países, contudo, serão representados por seus chefes de Estado. Os Estados Unidos, por exemplo, não enviaram representantes políticos de alto escalão, e Donald Trump não participará do encontro.
Entrada do centro de imprensa da COP30
AP Photo/Eraldo Peres
Quem vem?
Ao menos 57 chefes de Estado e de governo participam da Cúpula.
No total, são 143 delegações confirmadas, segundo o Itamaraty, um número que inclui também vice-primeiros-ministros, ministros de finanças, meio ambiente e relações exteriores, além de representantes de organismos internacionais como a ONU, o Banco Mundial e o FMI.
Entre os líderes confirmados estão o presidente da França, Emmanuel Macron, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer.
Também participam o presidente do Conselho Europeu, António Costa, o premiê da Noruega, Jonas Gahr Støre, o presidente do Quênia, William Ruto, e o primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também deve participar do encontro. Ela chegou a Belém na última quarta-feira (5).
Outra presença confirmada é do Príncipe William, que vai representar o rei Charles III.
Entre as ausências estão a de Donald Trump, Xi Jinping e Javier Milei.
Segundo agências internacionais, o presidente dos Estados Unidos não virá a Belém e o governo americano não enviará representantes políticos de alto escalão durante todo o período da COP.
Já a China, maior emissora de gases de efeito estufa do mundo, deve mandar apenas uma delegação técnica.
A Argentina, por sua vez, confirmou que não participará do encontro.
Ativistas posam durante protesto em Belém usando máscaras de líderes mundiais em véspera da Cúpula dos Líderes na COP30
Mauro Pimentel/AFP
A Cúpula decide alguma coisa?
A resposta curta é: NÃO, a Cúpula de Líderes da COP30 não decide formalmente nada com efeitos vinculantes.
Na prática, a reunião funciona como um espaço de diálogo de alto nível entre chefes de Estado e de governo.
Nela cada líder faz um discurso na plenária geral e participa de uma ou duas sessões temáticas, organizadas em grupos de cerca de 40 participantes.
Esses encontros tratam de assuntos centrais da agenda climática, como florestas e oceanos, transição energética, financiamento climático e os dez anos do Acordo de Paris.
Como funcionam as discussões da COP, a conferência do clima da ONU
Diplomatas definem a Cúpula como um “termômetro político”: um momento para medir o nível de engajamento dos líderes e entender como as grandes potências e os países em desenvolvimento pretendem se posicionar nas negociações.
Embora não produza resoluções nem tratados, o evento tem peso simbólico.
É nele que devem se formar as primeiras impressões sobre o clima político da conferência, e sobre a disposição real dos governos em avançar em temas como financiamento climático, adaptação e redução de emissões.
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Onde e até quando acontece?
A Cúpula será realizada no Parque da Cidade, no mesmo espaço oficial da COP30.
Ela acontece até a próxima sexta-feira (7).
O Parque da Cidade concentra também as chamadas “zonas azul e verde”, espaços que vão abrigar, nas semanas seguintes, as negociações formais e os eventos paralelos da conferência.
A escolha de Belém, capital paraense, tem caráter simbólico e logístico. É a primeira vez que uma Cúpula de Líderes climáticos ocorre no coração da Amazônia, região que representa um dos principais temas da agenda global sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável.
Mulher caminha em frente à logo da COP30.
AP Photo/Eraldo Peres
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Fonte: g1