De Pokémon ao Enem: biólogo mostra como animação ajuda a estudar temas que podem cair no exame


Pokémon no vestibular? Entenda como a animação pode ensinar conceitos de biologia
O universo de criaturas fantásticas de Pokémon pode ir além do entretenimento: para o biólogo Carlos Stênio, mestrando do Instituto de Geociências da Unicamp, a animação é uma poderosa ferramenta para estudar biologia e revisar temas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), como ecologia, evolução e genética.
Para ele, conceitos apresentados na produção contribuem, de forma divertida e eficaz, para a fixação de assuntos que podem cair nas provas.
“A ecologia é um dos assuntos mais recorrentes no Enem, e entender conceitos básicos como espécie, ecossistemas e relações ecológicas é essencial. Isso dá pra aplicar com Pokémon”, explica.
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A segunda prova do Enem será aplicada neste domingo (16). Os candidatos encaram as áreas de matemática e suas tecnologias e ciências da natureza, o que inclui 45 questões de biologia, física e química.
📚 Esta reportagem compõe o projeto Vestibulou, uma parceria do g1 Campinas com a EPTV para divulgar informações relacionadas aos principais vestibulares e ajudar na preparação dos estudantes.
Conceitos e relações em ecologia
À esquerda, golfinho com rêmora colada no corpo; à direita, pokémons Remoraid e Mantine
Projeto Golfinho Rotador/Divulgação/Livro Pokemón Go na Sala de Aula
Carlos Stênio explica que o Pokémon pode ser um grande aliado na hora de revisar temas fundamentais da prova de biologia, como ecologia, evolução e genética, ecossistema e sustentabilidade.
Os estudantes podem usar as criaturas e as interações apresentadas na animação para visualizar os conceitos cobrados no Enem e em outros vestibulares. Veja exemplos na tabela a seguir:
Conceitos de biologia em Pokémon
Todo Pokémon evolui?
A evolução é outro conceito importante da prova de biologia que o desenho animado trabalha de forma bastante própria. Mesmo não sendo uma definição que corresponde à realidade, o biólogo alerta que o estudante pode usar a animação para identificar as diferenças e associar aos elementos das teorias de Darwin e Lamarck. Entenda:
evolução em Pokémon é sempre linear e positiva, com a criatura “mudando totalmente” de aparência e ganhando poderes, ficando sempre mais forte;
na vida real, por outro lado, Darwin explica que a mudança é lenta e influenciada pelo meio ambiente forçando o ser vivo a se adaptar, o que nem sempre pode resultar em algo positivo.
“Na verdade, em Pokémon é mais uma metamorfose do que uma evolução (…) na vida real a evolução é devagar e nem sempre vai ser algo bom”, explica.
Comparação da metamorfose das lagartas com a evolução do Pokémon equivalente
Pokemon Go em Sala de Aula/Reprodução
O biólogo destaca que o desenho animado também apresenta elementos da teoria de Lamarck, que defendia a ideia do “uso e desuso”, de modo que habilidades e partes do corpo influenciariam as gerações seguintes. Embora a teoria já tenha sido refutada, ela ainda é bastante cobrada nas provas como Enem e vestibulares.
A teoria fala que um animal que não utiliza determinada parte do corpo pode perdê-la, da mesma forma que outras partes mais usadas são fortalecidas e ambas as características passariam para os descendentes. Nesse caso uma das associações possíveis seria com o Pokémon Poliwag, pois à medida que ele evolui, perde partes do corpo que usa menos.
Evolução do Pokémon Poliwag para Poliwrath mostra que ele perde a cauda e ganha braços
Pokemon Go em Sala de Aula/Reprodução
Dos desenhos animados ao mestrado
Carlos Stênio conta que se inspirou no biólogo marinho Stephen Hillenburg, criador da animação “Bob Esponja”, durante a faculdade. Ele explica que começou a estudar conceitos da biologia a partir de associações com o que assistia nos desenhos animados.
A partir dessa prática, ele criou um método próprio que chamou a atenção dos professores e, mais tarde, lhe rendeu a entrada no mestrado. “Os próprios professores na época pediam para eu explicar dessa forma para amigos da faculdade. E eles começaram a entender, aí eu comecei a gravar vídeos para as redes sociais”.
Quando foi capaz de resumir toda a matéria de uma disciplina com “Pokémon”, passou a levar o hábito mais a sério. A partir da animação japonesa, ele trabalhou conceitos de ecologia, identificando ordens e nichos ecológicos dos “bichinhos animados” com seus correspondentes reais.
Desde então já se passaram cinco anos. Hoje ele ainda faz vídeos para as redes sociais, além de ter lançado cinco livros e realizar treinamentos de professores. Como forma de aprimoramento, levou o estudo para o mestrado, onde desenvolve o método focando no ensino de geociência para crianças de 10 anos utilizando principalmente a animação “A Era do Gelo”.
Bob Esponja, Pequena Sereia e Pokémon, mestrando da Unicamp utiliza personagens da cultura pop para explicar biologia
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Fonte: g1