
ARQUIVO: pertences de José Rico foram localizados em residencial de Limeira
Wagner Morente/ Guarda Civil Municipal de Limeira
A Justiça de Limeira (SP) condenou um homem que foi flagrado com bens que tinham sido furtados de uma mansão que era do cantor José Rico, da dupla sertaneja Milionário & José Rico. Entre os itens encontrados com Celso Salvador Ferrari Mendes estão um sapato com o nome de José Rico, dois violões e um chapéu, além de veículos e eletroeletrônicos, segundo a acusação.
A mansão, conhecida como Castelo do José Rico devido à sua arquitetura, ficou famosa por possuir mais de 100 quartos, segundo o cantor, e nunca ter sido finalizada. Após a morte de José Rico, foi levada a leilão para pagamento de dívidas, mas não houve interessados. A última tentativa foi suspensa após pedido da viúva de José Rico.
Os percentes foram furtados do castelo em 18 de setembro de 2017. O local já não tinha moradores e estava em processo de inventário pela família do cantor, mas era guardado por funcionários. Após o furto, familiares registraram o crime na delegacia de Santa Bárbara d’Oeste (SP).
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Localização em residencial
Já a localização ocorreu sete dias depois, em 25 de setembro, no residencial Olindo de Lucca, no Jardim Olga Veroni. Parte deles estava no estacionamento e o restante em um apartamento.
Uma equipe fazia patrulhamento pela região quando viu um buggy estacionado no condomínio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Como a corporação tinha a relação de objetos furtados do castelo, foi averiguar.
No condomínio, os guardas foram informados de que a vaga do estacionamento em que o buggy estava era de um apartamento do último andar de um dos blocos. No local, que estava com a porta destrancada segundo a guarda, a equipe encontrou os demais pertences. Foram localizados:
Um sapato social com a inscrição “José Rico”;
Dois violões;
Um chapéu;
Um buggy BRM/M11;
Um trailer/ reboque esportivo;
Um quadriciclo;
Uma moto Honda/VT600c;
Um par de tênis;
Um aspirador de pó;
Um espremedor de frutas;
Um forno micro-ondas;
Um GPS;
Um televisor de 40 polegadas;
Um notebook.
Todos os pertences foram reconhecidos por um parente de José Rico.
ARQUIVO: buggy estacionado em residencial levantou suspeita da Guarda
Wagner Morente/ Guarda Civil Municipal de Limeira
Réu diz que guardava para outra pessoa
Em depoimento à polícia, o acusado relatou que quem pediu para ele guardar os pertences foi um outro homem, que justificou que não tinha mais espaço em sua casa para levá-los. Também disse que não sabia da procedência dos bens, mas não se preocupou em fazer a gentileza.
No processo, foi declarada a revelia dele, que é quando o réu deixa de responder as acusações.
Bens eram memorabilia, observa juiz
“Pouco importa a prova sobre se o réu sabia da origem ilícita, pois o que a leiexige é que devesse saber”, argumentou na sentença o juiz Guilherme Lopes Alves Lamas, da 2ª Vara Criminal de Limeira.
Segundo o magistrado, o réu tinha como saber da origem ilegal dos itens.
“Os bens subtraídos pertenciam ao cantor José Rico, falecido à época, e os fatos tiveram grande repercussão […] A guarda municipal declarou, ainda, que os bens eram, claramente, memorabilia, (um sapato social com a inscrição ‘José Rico’, dois violões e um chapéu), não havendo como o réu negar que não soubesse a quem pertenciam”, acrescentou Lamas.
Trailer foi um dos bens levados da mansão de José Rico
Wagner Morente/ Guarda Civil Municipal de Limeira
Em decisão da segunda-feira (10), o réu foi condenado a um ano, quatro meses e 24 dias de prisão, em regime inicial semiaberto, pelo crime de receptação, mas poderá recorrer em liberdade.
“Como alternativa para reduzir o número de furtos e roubos, deve-se aumentar a persecução em relação àqueles que alimentam esse mercado, pois, se não houver compradores, diminuir-se-á o incentivo econômicos à prática daqueles crimes”, argumentou o juiz, em outro trecho da sentença.
Outro buggy localizado em desmanche
A Guarda informou na época do furto que tinham sido furtados outros pertences, como uma Brasília fabricada em 1974, um disco de ouro do cantor e um buggy amarelo.
O buggy amarelo foi localizado durante uma operação realizada pela Prefeitura de Limeira e Departamento Estadual de Trânsito (Detran-SP), em 5 de dezembro de 2017, em um desmanche de veículos.
Segundo o Detran-SP, o proprietário do local admitiu que atuava sem autorização para desmontar e revender peças de veículos.
ARQUIVO: outro buggy do cantor sertanejo foi localizado durante uma operação, em 5 de dezembro de 2017
Wagner Morente/Comunicação GCM Limeira
Tema de música, lendas e 24 anos de obra
O castelo de José Rico, onde aconteceu o furto, é cercado de histórias envolvendo a grandiosidade do projeto, lendas e memórias afetivas com amigos e familiares.
Quando José Rico morreu, em 2015, fazia 24 anos que já estava construindo a mansão e ainda não tinha finalizado a obra. Ele confirmou que o imóvel tem cerca de 100 cômodos em entrevistas com Jô Soares e Michel Teló, em reportagem do Fantástico.
Castelo do cantor José Rico
Acervo pessoal
Várias lendas e boatos também são associadas ao castelo, inclusive envolvendo extraterrestres, mas a que é mais costumeiramente citada trata de uma cigana que teria dito a José Rico que ele nunca deveria parar de construir sua casa. Mas o cantou negou:
“Não teve. São lendas. Mas ali é meu mundo. Ali estou construindo para mim e para os meus”, contou a Michel Teló.
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O sertanejo compôs uma canção chamada “Castelo”, que integra o álbum “De cara com a Saudade”, lançado em 1996, época em que a construção já havia começado. A letra diz:
“Construí um castelo bonito para dar de presente à pessoa amada”. Os versos da música ainda falam que o amor é tudo o que se tem na vida. “Para viver sem ela [a pessoa amada], tudo isso é nada.”
Imagem de arquivo do castelo de José Rico em Limeira
Reprodução/TV Globo
Veja comparação da área da mansão de José Rico com outros castelos do mundo
g1
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Fonte: g1
