Em Belém, representantes da agricultura mostram como a floresta em pé pode gerar renda e melhorar a produção de alimentos


Agronegócio leva exemplos de sustentabilidade para a COP30
O repórter Tiago Eltz conversou com representantes do Agronegócio e com cientistas que estudam o futuro da agricultura. Todos defendem que é fundamental manter a Floresta em pé para aumentar a renda e melhorar a produção de alimentos no Brasil.
Representantes da agricultura brasileira estão mostrando, em Belém, como a floresta em pé pode gerar renda e ainda melhorar a produção de alimentos.
A Amazônia tem recebido o mundo com algo difícil de explicar de longe: o tamanho da nossa riqueza.
“São mais de 265 espécies de árvores inventariadas aqui dentro. Isso é mais de cinco vezes o número de espécies que tem em um país todo como a Inglaterra. Somente nesse fragmento aqui. Maravilhosa, né? A gente se sente pequeno, é como se você estivesse diante de uma divindade mesmo”, diz Joice Ferreira, pesquisadora da Embrapa.
É riqueza que dá em árvore.
Repórter: Não precisa nem cheirar nela, né?
Joice Ferreira: É maravilhoso.
Repórter: O que é isso?
Joice Ferreira: Chama breu. Ela era usada tradicionalmente pelas comunidades amazônicas e acabou que ganhou o mundo a partir da indústria cosmética. A gente tem várias que têm essa utilidade. Esse papel social e econômico, como é o caso do breu.
A floresta da Embrapa está no meio de lavouras experimentais. Não por acaso.
“A gente mostra a inter-relação entre agricultura e as florestas. São as florestas as fontes de polinizadores. Florestas são importantes inclusive em um cenário que a gente tem agora, que precisa de adaptação às mudanças do clima. Precisamos de mais florestas para que a agricultura seja mais resiliente”, afirma Joice Ferreira.
Mas a resiliência da agricultura brasileira também é construída sem tanta opulência, com algo que a gente quase nunca vê.
Repórter: Isso aqui é milho?
Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa: Aqui é milho.
Repórter: A gente tem o quê? Uma raiz de milho de uns quatro metros?
Mariangela Hungria: É, olha aqui, dois, três metros pelo menos.
A Mariangela Hungria é a pesquisadora que ganhou em 2025 o Prêmio Mundial de Alimentação, considerado o Nobel da agricultura. Resultado de uma vida pesquisando uma tecnologia que hoje o Brasil lidera.
“É o uso de biológicos substituindo os químicos. E um desses biológicos muito importantes é um que faz crescer as raízes. E por que raiz é importante? Porque raiz é a base de tudo. Ela que vai absorver a água e os nutrientes, vai correndo atrás do solo onde tem água, ela resiste mais aos períodos de seca, ela tem maior resiliência”, explica Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa.
A Agrizone brasileira foi montada em uma fazenda de 3 mil hectares da Embrapa, em Belém. Apresenta alternativas em discussões lideradas pelo enviado especial da COP para agricultura, Roberto Rodrigues.
“Nós ouvimos 41 instituições ligadas ao agronegócio, direta ou indiretamente, com suas propostas e ideias para o mundo com agricultura tropical sustentável e regenerativa. Então, fizemos um documento amplo que conta a história do Brasil em 50 anos sob essa ótica de tecnologia com sustentabilidade”, diz Roberto Rodrigues, professor emérito da FGV e enviado especial da COP30.
O professor emérito da FGV diz que o Brasil tem muitos desafios a vencer, mas muitos exemplos a dar:
“Hoje a agricultura tropical é um fator que ajuda o clima. O Brasil, 50 anos atrás, importava 30% da comida que consumíamos aqui. Hoje, nós exportamos comida para 150 países, 190 países do mundo inteiro. O que que é isso? O que aconteceu no Brasil, esse milagre? Simples: tecnologia, inovação, ciência, sustentabilidade”.
Repórter: Mariangela, dá para produzir mais comida com menos impacto ambiental?
Mariangela Hungria: Se dá. E nós estamos aqui. Hoje, nós somos líderes no uso de biológicos na agricultura, mas eles representam 15% em relação aos químicos. Só que, hoje, a gente já tem coisas, biológicos, soluções que estão aí prontinhas para 50%. Então, implementação é a cara dessa COP.
Em Belém, representantes da agricultura mostram como a floresta em pé pode gerar renda e melhorar a produção de alimentos
Reprodução/TV Globo
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Fonte: g1