Ex-vereador é preso em operação que investiga exploração financeira de indígenas no Acre
O ex-vereador de Jordão, Francisco Alves Guimarães, de 70 anos, foi preso em flagrante durante a Operação Patrão, deflagrada pela Polícia Civil do Acre nos municípios de Jordão e Tarauacá, no interior do estado.
Ele é suspeito de porte ilegal de arma de fogo e comércio irregular de munições, além de envolvimento em um esquema de exploração financeira de indígenas. O g1 entrou em contato com a defesa de Francisco e aguarda retorno.
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A investigação, que iniciou há dois anos e culminou na tarde da última quarta-feira (12), apontou que o ex-parlamentar, junto com comerciantes locais, fazia parte de uma organização criminosa que retinha cartões bancários de indígenas.
O grupo, segundo a polícia, obrigava as vítimas a comprar exclusivamente nos estabelecimentos dos investigados e controlava os pagamentos realizados com os benefícios sociais.
Durante a operação, os agentes cumpriram 28 mandados de busca e apreensão nas duas cidades, sendo 23 em Jordão e cinco em Tarauacá, além de quatro de prisão, incluindo a do ex-vereador. Além disto, oito pessoas foram levadas à delegacia para prestar esclarecimentos.
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Francisco Alves Guimarães, preso em operação da Polícia Civil na última quarta-feira (12) em Jordão
Arquivo/TSE
O g1 apurou que Francisco, conhecido como ‘Chicão’, foi eleito vereador desde 1992 e ficou 20 anos no parlamento, vencendo todas as disputas do legislativo municipal. Ele também concorreu ao cargo de vice-prefeito, mas não foi eleito. Veja abaixo o histórico político dele no município:
1992: 29 votos
2000: 61 votos
2004: 119 votos
2008: 150 votos
2012: 145 votos
Foram apreendidos cerca de 300 cartões do Bolsa Família, pertencentes a indígenas, além de R$ 70 mil em dinheiro, quantias em dólares e euros, 6 mil litros de combustível, bem como celulares, duas espingardas, um revólver, 250 kg de chumbo e 300 espoletas.
De acordo com a Polícia Civil, o nome da operação faz alusão às antigas relações de exploração nos seringais, quando trabalhadores eram submetidos a dívidas e dependência econômica impostas pelos empregadores.
As investigações continuam para identificar outros envolvidos e apurar o alcance do esquema criminoso nos dois municípios.
“Infelizmente, a retenção de cartões bancários e documentos de indígenas é uma forma contemporânea de exploração, com raízes históricas no antigo sistema de barracão dos seringais, e que ainda persiste em algumas regiões do Acre. Nossa missão é romper esse ciclo, responsabilizando os envolvidos e garantindo a dignidade das comunidades atingidas”, afirmou o delegado José Ronério, responsável pelas investigações.
Fonte: g1
