
Soldado da Força Aérea dos Estados Unidos lança drone durante exercício militar na Alemanha. Foto de setembro de 2025.
Synsere Howard/Exército dos Estados Unidos
O Exército dos Estados Unidos pretende comprar pelo menos um milhão de drones nos próximos dois a três anos em busca de construir um arsenal robusto do armamento, tratado como o “futuro da guerra”, revelou o secretário do Exército americano, Daniel Driscoll, à agência de notícias Reuters.
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Segundo Driscoll, os EUA estão aprendendo com a guerra da Ucrânia, em que drones passaram a ser utilizados abundantemente no campo de batalha, o que motivou a mudança de rota. Depois da meta do um milhão de drones, o Exército americano pretende continuar adquirindo de meio milhão até vários milhões de projéteis por ano a partir de 2029, ainda de acordo com o secretário.
O movimento caracteriza uma mudança de rota do governo americano, que atualmente compra apenas cerca de 50 mil drones por ano. “É um grande salto. Mas é algo que somos plenamente capazes de fazer”, disse Driscoll.
Ele falou por telefone durante uma visita ao Picatinny Arsenal, onde contou ter conhecido experimentos com “redes de captura” — defesas que prendem drones em redes —, além de novos explosivos e ferramentas eletromagnéticas integradas a sistemas de armas.
Drones pequenos e baratos se mostraram uma das armas mais poderosas na guerra entre Rússia e Ucrânia, onde aviões de combate convencionais são raros devido à forte concentração de sistemas antiaéreos nas linhas de frente. O armamento está sendo utilizado em escala sem precedentes no conflito, que completará quatro anos em fevereiro.
O secretário disse que sua prioridade é colocar os EUA em posição de produzir drones suficientes para qualquer guerra futura, estimulando a produção doméstica de tudo — de motores sem escova e sensores a baterias e placas de circuito —, setores hoje dominados pela China.
A Ucrânia e a Rússia produzem cerca de 4 milhões de drones por ano cada. Segundo Driscoll, os EUA estimam que a China produza mais do que o dobro disso.
Driscoll e o comandante de Picatinny Arsenal, general John Reim, conversaram com a Reuters sobre como os Estados Unidos estão aprendendo com a guerra da Rússia na Ucrânia, marcada pelo uso de drones em escala sem precedentes.
Driscoll disse que quer mudar a forma como o Exército vê os drones — tratá-los mais como munição descartável do que como equipamentos sofisticados e caros.
“Esperamos comprar pelo menos um milhão de drones nos próximos dois ou três anos. E esperamos que dentro de um ou dois anos a gente saiba que, em um momento de conflito, poderemos ativar uma cadeia de suprimentos robusta e profunda o suficiente para produzir quantos drones forem necessários”, afirmou Driscoll.
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O futuro da guerra?
O Pentágono tenta superar um histórico irregular na aquisição de drones. Em 2023, líderes do Departamento de Defesa anunciaram a iniciativa Replicator, um esforço para adquirir e implantar milhares de drones autônomos até agosto de 2025.
No entanto, nenhuma atualização sobre o programa foi divulgada desde então.
Em julho, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, assinou um memorando revogando políticas restritivas que dificultavam a produção de drones.
A Reuters já informou que a unidade DOGE do Pentágono lidera esforços para reformar o programa militar de drones, incluindo a aquisição de dezenas de milhares de drones baratos nos próximos meses.
Parlamentares americanos apresentaram um projeto de lei que orienta o Pentágono a criar uma instalação no Texas capaz de produzir até 1 milhão de drones por ano.
Mas Driscoll disse que pretende diversificar o financiamento, sem depender de uma única fábrica.
Em vez de se associar apenas a grandes empresas de defesa, o Exército quer trabalhar com fabricantes de drones comerciais, usados também em entregas da Amazon e outras aplicações civis.
“Queremos fazer parcerias com outros fabricantes de drones que os utilizam para entregas e diferentes finalidades”, afirmou.
As importações chinesas representam a maior parte das vendas de drones comerciais nos EUA — mais da metade vem da DJI, maior fabricante de drones do mundo.
Driscoll disse estar confiante de que há recursos suficientes para atender à nova demanda e que o Exército já vem se desfazendo de sistemas de armas antigos.
As decisões de financiamento, porém, dependem do apoio de parlamentares, que muitas vezes relutam em cortar programas militares que beneficiam seus próprios distritos.
“Os drones são o futuro da guerra, e precisamos investir tanto nas capacidades ofensivas quanto nas defensivas contra eles”, disse Driscoll.
Fonte: g1
