Foragido há uma semana, motorista que matou Marina Harkot tenta anular prisão no STJ

Empresário acusado de atropelar a ciclista Marina Harkot é condenado a 13 anos de prisão
Foragido há uma semana, o motorista condenado por atropelar e matar a ciclista e socióloga Marina Harkot em 2020 em São Paulo recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar anular o mandado de prisão contra ele.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou ao g1 que recebeu o pedido de habeas corpus apresentado pela defesa do empresário José Maria da Costa Júnior contra a decisão da Justiça paulista que determinou sua prisão. Segundo a assessoria do tribunal, o pedido ainda está em análise e não há decisão até o momento.
José Maria é procurado desde a última quinta-feira (6), quando a 5ª Vara do Júri determinou que ele tem de cumprir preso a pena de 13 anos de prisão pela morte de Marina.
Em janeiro de 2025, o empresário foi julgado e condenado por homicídio doloso por dolo eventual (por assumir o risco de matar), embriaguez ao volante e omissão de socorro. Como naquela ocasião já respondia em liberdade pelos crimes, continuou solto.
Motorista José Maria fugiu após atropelar e matar a ciclista Marina Harkot em São Paulo
Reprodução/Arquivo pessoal
Mas o Ministério Público (MP) recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Em 5 de novembro a 11ª Câmara Criminal determinou que José Maria deve ser preso. No dia seguinte, a Justiça de primeiro grau expediu o mandado de prisão imediata contra o empresário.
Policiais foram até a residência do empresário em Socorro, no interior do estado, onde informou à Justiça que estaria, mas não o encontrou. Como não foi preso e nem se entregou, a partir daquele momento, passou a ser considerado fugitivo. Ele tem 38 anos.
As autoridades pedem para quem tiver informações sobre o paradeiro do motorista, que ligue para o telefone 181 do Disque-Denúncia. Não é preciso se identificar.
Imagens inéditas mostram interrogatório de acusado de matar Marina Harkot
Procurado pelo g1 para comentar o assunto, José Miguel da Silva Júnior, advogado do empresário, confirmou que deu entrada no STJ para tentar revogar a prisão de seu cliente.
No pedido, a defesa alega que a decretação do mandado está “causando constrangimento ilegal” ao empresário. Segundo o advogado informa no documento, quando foi condenado no começo deste ano, a própria Justiça paulista entendeu que não era caso de prisão e que o réu tinha direito de recorrer em liberdade.
Questionado pelo g1 sobre qual foi a orientação dada ao cliente — se a defesa aguardaria a decisão do STJ sobre o pedido para anular a prisão ou se ele deveria se entregar —, o advogado José Miguel afirmou nesta quarta-feira (11): “Acabei de orientá-lo a se entregar. Ele disse que iria pensar e me daria a resposta nesta quinta-feira (12).”
Os advogados do empresário também solicitarão a anulação do julgamento que o condenou pela morte de Marina. No entendimento deles, o caso é de homicídio culposo, sem intenção de matar.
O advogado alega que os jurados votaram contra as provas dos autos. Segundo José Miguel, não há laudo que comprove que o motorista bebeu antes de dirigir e atropelar a ciclista.
Como foi o crime
Foto pericial mostra corpo de Marina Harkot coberto por manta e bicicleta dela destruída após atropelamento
Reprodução
O atropelamento de Marina ocorreu em 8 de novembro de 2020 na Avenida Paulo VI, em Pinheiros, Zona Oeste. A bicicleta vermelha da socióloga ficou destruída após ser atingida por trás pelo Hyundai Tucson prata dirigido pelo motorista. Ela tinha 28 anos.
Durante o julgamento, em janeiro, os jurados entenderam que José Maria bebeu, dirigiu seu carro em alta velocidade, atingiu a vítima que pedalava de bicicleta e fugiu após o atropelamento _o que caracteriza o fato de ter assumido o risco de matar.
José Maria negou ter bebido e guiado o carro em alta velocidade. Mas dois amigos dele, que estavam no carro, contaram que ele havia tomado uísque com energético momentos antes de atropelar Marina. Além disso, laudo da perícia da polícia analisou um vídeo que mostra que o carro passou a 93 km/h na via logo após o atropelamento. O limite para o trecho é de 50 km/h.
Como o motorista se apresentou na delegacia dois dias depois do atropelamento, não foi possível submetê-lo a exame para saber se havia bebido quando atingiu Marina e sua bicicleta.
O réu também falou em seu interrogatório que não viu a vítima quando a atingiu com o veículo porque o local estava escuro. Uma policial militar que socorreu Marina também testemunhou e disse que o lugar era iluminado e seria possível vê-la.
De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), a ciclista morreu devido a politraumatismo (diversas fraturas pelo corpo).
José Maria ainda alegou que, quando ocorreu a colisão, ouviu um barulho, mas não parou porque achou que se tratava de uma tentativa de assalto. Ele disse que só desconfiou que atropelou Marina depois que viu na TV, dias depois, a notícia de que a ciclista morreu na avenida por onde ele passou.
Desde o crime, a carteira de motorista dele está suspensa temporariamente por decisão da Justiça.
Parentes e amigos se concentram em frente ao fórum onde acontece júri do motorista que atropelou e matou Marina Harkot
Kleber Tomaz/g1
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Fonte: g1