Governo federal lança licitação para retomar obras da Transnordestina em PE três anos após trecho ser retirado do projeto


Ministro Renan Filho fala sobre edital de licitação de obra da Transnordestina em PE
O governo federal lançou, nesta sexta-feira (31), o primeiro edital de licitação para a retomada das obras do trecho da ferrovia Transnordestina em Pernambuco (veja vídeo acima).
O documento publicado no Diário Oficial da União (DOU) contempla um trecho de 73 quilômetros entre os municípios de Custódia, onde o serviço foi paralisado, e Arcoverde, no Sertão do estado, com investimento total de R$ 415 milhões.
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Projetada para ser a principal linha ferroviária da região Nordeste, a Transnordestina vai interligar os portos de Suape (PE) e Pecém (CE) a Eliseu Martins (PI) como um canal de escoamento de grãos, minério de ferro e outros produtos (saiba mais abaixo). O ramal de Pernambuco parte de Salgueiro, no Sertão, e vai até Suape.
O trecho pernambucano chegou a ser retirado do projeto durante o governo Bolsonaro e, nos últimos meses, foi o centro de uma crise que culminou na saída do ex-deputado federal Danilo Cabral do comando da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), após pressão de políticos e empresários, especialmente do Ceará.
“Como [é] que você vai trabalhar o desenvolvimento do Nordeste e você deixa Pernambuco de fora? [Um estado] que tem uma população grande, tem um dos principais portos da região. Isso não tinha qualquer sentido econômico. Era quase como uma punição a Pernambuco”, declarou o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), em entrevista à TV Globo.
Segundo o ministro, o processo licitatório, com a escolha da empresa responsável, será concluído entre dois e três meses. A ordem de serviço deve ser assinada no início de 2026. A previsão é que o trajeto até Suape fique pronto em 2030, três anos após a conclusão dos trechos do Piauí e do Ceará.
Ainda de acordo com o ministro, o trajeto pernambucano da Transnordestina compreende quatro trechos, incluindo o percurso Custódia–Arcoverde, com cerca de 300 quilômetros. Por isso, mais três editais de licitação devem ser publicados no próximo ano.
“Os trechos do Piauí e do Ceará ficarão prontos 100% em 2027. Se a gente levar quatro anos a partir de 2026, o trecho de Pernambuco ficará pronto em 2030. Acho que esse deve ser um limite para gente não se atrasar tanto com relação aos outros estados. E esse atraso de Pernambuco ocorreu justamente pela retirada do estado da estratégia de desenvolvimento do Nordeste, que o presidente Lula agora resolveu [ao] reinserir Pernambuco”, afirmou Renan Filho.
A governadora Raquel Lyra (PSD) disse que foi “surpreendida” quando soube que o trecho pernambucano da ferrovia tinha sido suprimido do projeto pouco depois de assumir o governo.
“A Transnordestina foi retirada do contrato da empresa privada que fazia a obra no finalzinho de 2022 e, quando eu chego no governo de Pernambuco, fui surpreendida […]. Trabalhamos muito junto ao presidente [Lula], ao ministro Renan [Filho], todas as lideranças políticas, a sociedade pernambucana, exigindo de volta algo que não se trata de uma decisão empresarial, mas de uma estratégia de desenvolvimento integrado do Nordeste”, afirmou.
A governadora disse, ainda, que concluiu o projeto de continuidade do traçado da ferrovia dentro da área do Porto de Suape.
“A gente tem tido reuniões semanais com o time do governo federal, para que a gente pudesse ajustar o projeto para que pudesse ser licitado como obra pública, como está sendo, e fazer a própria parte nossa, no que diz respeito ao trajeto interno da ferrovia dentro do Porto de Suape. Não existe o projeto executivo. Ele está pronto para licitar e, quando chegar o momento certo, a gente vai poder tocar essa obra”, informou.
Retomada das obras
Governo Federal anuncia retomada de obras da Transnordestina
A retomada das obras da Transnordestina em Pernambuco foi anunciada em setembro deste ano pelos ministros Renan Filho (MDB), e Silvio Costa Filho (Republicanos), de Portos e Aeroportos, após uma reunião com mais de 20 prefeitos do estado em Brasília.
A construção da ferrovia começou em 2006 e deveria ter ficado pronta em 2010, mas as obras sofreram com paralisações e atrasos ao longo do tempo. A Transnordestina tem como ponto de partida o município de Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, seguindo para o Piauí e para o Ceará (veja vídeo acima).
Em agosto, Danilo Cabral anunciou que foi desligado do comando da Sudene “por questões de caráter regional” em torno das obras da Transnordestina.
Na ocasião, o político contou que a saída ocorreu em meio a pressões de lideranças políticas de outros estados, especialmente do Ceará, em torno da obra da Transnordestina.
Um dos motivos para a pressão seria uma eventual insistência do então superintendente para a retomada da obra no trecho entre Suape e Salgueiro. Em abril, a Sudene realizou um evento para discutir a execução da obra no estado e discutiu soluções para os impasses atuais.
Na época, lideranças políticas cearenses, como o governador Elmano de Freitas (PT), criticaram a gestão de Danilo Cabral à frente da Sudene, e teriam articulado a saída do pernambucano com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT).
Um dos maiores entraves apontados para o avanço das obras em Pernambuco era a necessidade de desapropriações. De acordo com o ministro Jader Filho, isso não poderia ser usado como justificativa para “abandonar” o ramal pernambucano da Transnordestina.
“Nós vamos promover essas apropriações — obviamente, para fazer uma ferrovia, é preciso fazer desapropriações. […] A parte mais difícil é a parte mais próxima da Região Metropolitana, porque tem vários mananciais, rios, áreas de proteção ambiental, alguns conjuntos habitacionais que foram construídos, o avanço do polo industrial […]. Entretanto, todas essas questões certamente podem ser resolvidas, têm solução no campo da engenharia e precisam ser implantadas”, afirmou.
Imagem de arquivo mostra obra da Transnordestina em Pernambuco
Wagner Sarmento/TV Globo
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Fonte: g1