
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (4), durante a abertura do Bloomberg Green Summit, em São Paulo —, que o Brasil vive um momento de solidez econômica e deve encerrar o mandato do presidente Lula “em 2026, de forma tranquila”, após avanços nas reformas e nos indicadores fiscais.
“O Brasil, nos últimos três anos, fez muita coisa importante para criar um ambiente de negócios favorável — e isso já está sendo percebido pelos investidores”, afirmou. Segundo o ministro, o país registrou o maior número de leilões de infraestrutura na B3 em décadas e colhe resultados das reformas estruturais.
Haddad destacou o impacto da reforma tributária, cuja implementação, segundo ele, pode elevar o Produto Iinterno Bruto (PIB) brasileiro entre 12% e 20% nos próximos anos.
Ele também citou a próxima etapa da reforma do Imposto de Renda, defendendo que a redução das desigualdades é essencial para o crescimento. “Não existe crescimento com desigualdade”, disse.
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“Melhor resultado fiscal desde 2015”
O ministro afirmou que o governo deve entregar o melhor resultado fiscal dos últimos quatro anos, mesmo após quitar passivos herdados da gestão anterior. “Teremos a menor inflação em quatro anos, o menor desemprego da série histórica e o maior crescimento desde 2020”, declarou.
Haddad rebateu críticas sobre o cumprimento das metas fiscais e disse que não pretende alterar o resultado primário previsto para o ano. “Estão dizendo que eu vou mudar a meta porque não vou cumpri-la desde 2023. Ou a gente olha para a realidade do Brasil e rema a favor do país, ou continuaremos presos a narrativas”, afirmou.
Segundo o ministro, a discussão sobre as contas públicas está sendo feita “pelos investidores, e não pelos jornais”. “O que me preocupa é o dinheiro que está entrando no Brasil”, completou.
Juros e expectativas econômicas
Haddad também voltou a defender a redução dos juros, afirmando que o atual patamar é insustentável. “Não tem como manter 10% de juro real com inflação de 4,5%. Eu tenho alergia à inflação, mas há uma questão de razoabilidade. A dose do remédio pode virar veneno”, comparou.
Para ele, o país tem condições de crescer controlando a dívida e reduzindo os custos financeiros. “Podemos terminar o mandato com indicadores muito superiores. Não precisamos pagar juros tão altos — isso afeta até a capacidade de produção do país”, disse.
Haddad voltou a criticar parte do mercado financeiro, que, segundo ele, torce contra o governo. “Expectativa no Brasil tem muito de torcida. Vejo gente torcendo contra o país, e isso é impressionante”, afirmou.
O ministro ressaltou que o governo mantém o compromisso com metas fiscais e responsabilidade nas contas públicas. “Estamos decididos a fazer o que não foi feito de 2015 para cá: respeitar as metas de primário, fixar objetivos exigentes e cumpri-los”, disse.
Ele também comentou a expectativa sobre o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que pode estender a Lei de Responsabilidade Fiscal ao Legislativo. “Será uma revolução se o Congresso não puder criar despesas sem indicar a fonte de receita”, avaliou.
Haddad destacou que a construção política é gradual: “É mais fácil convencer dez pessoas da equipe econômica do que 513 deputados, mas estamos avançando com paciência e no ritmo que a economia permite”.
Transição energética e investimentos verdes
Ao comentar a agenda de transição energética, Haddad afirmou que o Brasil tem “vantagens competitivas aderentes à pauta climática”.
“Independentemente do que o Bill Gates ache, o Brasil tem energia limpa e barata. Não faz sentido trocá-la por energia suja e cara”, disse.
Ele reforçou a importância dos biocombustíveis e do fortalecimento do marco regulatório do setor elétrico, apesar dos lobbies no setor. “O Brasil tem 40 anos de tradição em biocombustíveis, e não vamos abdicar dessa agenda”, afirmou.
O ministro também citou a criação do Banco das Florestas, projeto apoiado pelo Banco Mundial, como prioridade do Brasil na presidência da COP. “Se colocarmos esse fundo de pé, teremos resultados práticos e eficientes. Preservar florestas é bom para todos, sempre, e a um custo muito baixo diante dos benefícios”, concluiu.
Fernando Haddad durante coletiva sobre megaoperação contra o PCC
Jorge Silva/Reuters
Fonte: g1
