Justiça determinou apreensão do passaporte de dono da Outsider em processo por dívida

Fernando Sampaio, sócio da Outsider Turismo Ltda, alvo de ações judiciais em vários estados do país
Reprodução/Facebook
A Justiça do Rio determinou, em setembro deste ano, que a Polícia Federal apreendesse o passaporte de Fernando Sampaio, dono da empresa Outsider investigado por estelionato. A empresa tem pelo menos 600 processos e registros de ocorrência em 21 estados brasileiros, além do Distrito Federal.
A decisão veio a partir de um processo na 6ª Vara Cível do Rio de Janeiro, que também determinou a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A decisão foi cumprida em setembro deste ano.
A decisão neste processo, movido por uma cliente que não conseguiu viajar para a final da Libertadores de 2022 em Guayaquil, no Equador, é uma medida coercitiva após não encontrar dinheiro ou bens nas contas de Fernando e da empresa, neste e em outros processos contra a Outsider:
“O que se verifica é o esgotamento de todas as medidas possíveis de busca por bens para satisfação do crédito do autor neste e nos demais processos em curso neste e em vários outros juízos”, diz um trecho da decisão da juíza Flavia Babu Capanema Tancredo, de junho de 2025.
Segundo a magistrada, tudo indica que Fernando e suas empresas se encontra em ” em situação de insolvência, ou em fase de “esvaziamento de seu patrimônio, deixando, assim, de cumprir com suas obrigações financeiras.”
“Transitada em julgado, expeça-se certidão de crédito em favor do autor, no valor de R$ 9.528,76 e oficie-se ao Detran e ao Denatram, requisitando-se a suspensão da CNH de Fernando Sampaio de Souza e Silva, devendo ser comprovado o cumprimento da ordem judicial a este Juízo, no prazo de até 10 dias, assim como oficie-se à Polícia Federal, requisitando-se a apreensão do passaporte de Fernando Sampaio de Souza e Silva”, diz o trecho final da decisão.
Dono da Outsider é indiciado por estelionato; endividada, empresa oferece pacotes para a final da Libertadores
Questionado sobre a CNH e o passaporte, Fernando disse que não possui CNH, e que não viajou para fora do Brasil com o passaporte irregular:
“Quando viajei para fora do Brasil, eu não estava com passaporte bloqueado”, afirmou.
Dívida por casamento na Tailândia
Advogado alega dívida de R$ 200 mil de dono da Outsider após casamento na Tailândia
Esta semana, o RJ2 e o g1 mostraram que um casamento realizado na Tailândia, em 2019, teve uma série de problemas para emissão de passagens e vouchers de hotel para os noivos e convidados. O personagem principal dessa história é a agência Outsider Tours, de Fernando Sampaio, indiciado pela polícia do Rio por estelionato.
Em uma ação na Justiça Cível da Bahia, Fernando e várias de suas empresas possuem uma dívida de R$ 5,9 milhões. Mesmo com tentativas de bloqueio de bens, até hoje a dívida não foi paga, já que nenhum valor foi encontrado nas contas da empresa.
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Daniel Blanck, advogado, alega ter sofrido prejuízo de mais de R$ 200 mil com a Outsider em seu casamento em 2019
Reprodução/TV Globo
Daniel Blanck, advogado, diz que procurava uma agência de viagens especializada em celebrações fora do Brasil. A Outsider ficou responsável pela cerimônia e toda a logística para receber os convidados, incluindo passagens e hospedagens. No entanto, os problemas começaram logo na chegada:
“Eu como contratante num primeiro momento descobri que ele não fez grande parte daquilo que ele combinou. Meus convidados chegando lá, chegavam aos hotéis, descobriram que não tinha reservas. os vouchers que ele havia fornecido eram falsos. Muitas pessoas tiveram que pagar do próprio bolso de novo para poder se acomodar em cima da hora”, disse o advogado, alegando um prejuízo de R$ 200 mil.
O advogado diz que Fernando confessou ter uma dívida com ele. Como parte do pagamento, ficou acertado que a Outsider reservaria o hotel de Daniel.
“Quando eu reservo no hotel com o Fernando e chego em Punta Cana, o que eu descubro? O voucher era falso. Eu simplesmente tive que pagar novamente o hotel na hora”, relembrou.
Depois disso, Daniel diz que entrou com uma ação na Justiça, mas que até hoje não recebeu nenhum centavo.
“Ele simplesmente lesa as pessoas, promete resolver, investe em marketing para atrair novas pessoas. É uma pirâmide”, lamentou.
Procurado, Fernando Sampaio diz que quitou a dívida com Daniel Blanck em 2020, e que é mentira que haja um prejuízo de R$ 200 mil para o advogado.
Ele também negou ter utilizado o cartão do advogado para despesas em Lima antes do casamento na Tailândia.
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Libertadores virou prejuízo para empresa de viagens
Uma empresa de viagens de Salvador, na Bahia, contratou a Outsider para comprar pacotes de viagens para a final da Libertadores entre Fluminense e Boca Juniors, em 2023. O serviço, no entanto, não foi entregue pela Outsider Tours. O prejuízo, só com os ingressos, foi de R$ 1,5 milhão.
Por conta dos problemas, a Outsider assinou uma confissão de dívida no dia 9 de novembro de 2023, no valor de R$ 3,6 milhões com a empresa Sonhadora. Em janeiro de 2024, o valor da ação passou para R$ 4,4 milhões, e em março deste ano o valor da ação subiu para R$ 5,9 milhões.
Várias tentativas de encontrar Fernando e citá-lo judicialmente foram feitas. Uma das intimações foi entregue na rua Rodolfo de Amoedo, na Barra da Tijuca, onde supostamente seria a nova sede da Outsider. Neste e em outros 4 endereços, Fernando não foi encontrado.
Um relatório da 2ª Vara Cível de Salvador mostra as tentativas de penhora online, especialmente uma modalidade conhecida como “teimosinha”.
Esse tipo da penhora consiste em fazer o bloqueio dos bens de forma contínua ou repetitiva por um prazo estabelecido. O objetivo é interceptar valores depositados nas contas do devedor assim que eles entram no sistema bancário, especialmente quando o executado demonstra ter contas com saldo zero, como era o caso da Outsider durante todo o processo.

Fonte: g1