
Lula recebe líderes mundiais antes da COP 30, em Belém
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe nesta quinta-feira (6), em Belém (PA), chefes de Estado e de governo para a Cúpula do Clima, encontro preparatório para a COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que será sediada pela capital paraense
O evento reúne líderes de países florestais tropicais e nações parceiras na agenda ambiental. Ao longo do dia, Lula participará de reuniões bilaterais, fará discursos em plenária e presidirá uma mesa temática sobre florestas e oceanos.
Lula durante visita ao Pará antes da COP
Anderson Coelho/Reuters
Recepção e plenária dos líderes
A agenda oficial do presidente começa às 8h30, com a recepção dos chefes de delegação da Cúpula do Clima, no Parque da Cidade.
Em seguida, às 10h30, Lula abre a sessão plenária da cúpula, no Salão Plenário, onde os líderes apresentarão seus discursos formais sobre o combate às mudanças climáticas e o financiamento da transição verde.
Reuniões com príncipe William e Macron
William refaz passos de Diana, Charles, Elizabeth II e Harry no Rio
Reprodução
Ao meio-dia, Lula terá uma reunião bilateral com o príncipe de Gales, William, e com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer. O encontro ocorrerá em uma sala reservada da Presidência e deve tratar de cooperação climática e investimentos verdes, temas prioritários da política ambiental brasileira.
Às 15h, o presidente se reunirá também com o presidente da França, Emmanuel Macron, em uma segunda reunião bilateral. A expectativa é que discutam projetos conjuntos de preservação florestal e financiamento internacional para o Fundo Amazônia.
Almoço com líderes florestais
Entre as duas reuniões, às 13h, Lula oferece um almoço aos chefes de Estado e de governo dos países integrantes do Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa brasileira para financiar a preservação das florestas tropicais no mundo.
O encontro, que acontece na Mesa Redonda de Líderes, reunirá representantes de países da Amazônia, da África e do Sudeste Asiático, além de nações doadores que apoiam o fundo.
Sessão temática e encerramento
Às 16h, Lula presidirá a primeira sessão temática da Mesa Redonda de Líderes, com o tema “Clima e Natureza: Florestas e Oceanos”. A discussão deve girar em torno de mecanismos de proteção ambiental, financiamento climático e cooperação internacional.
A programação encerra às 18h15, com a foto oficial dos chefes de delegação, seguida de um coquetel oferecido por Lula e pela primeira-dama, Janja Lula da Silva, às 18h30, em homenagem às lideranças presentes.
Financiamento global
As presidências da COP29 (Azerbaijão) e da COP30 (Brasil) apresentaram oficialmente nesta quarta-feira (5), em Belém (PA), um plano ambicioso: mobilizar ao menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 para financiar ações contra a crise climática, com foco nos países em desenvolvimento.
Batizado de Roteiro de Baku a Belém, o documento foi elaborado em parceria entre as duas presidências e propõe novas formas de arrecadar recursos, como taxas sobre aviação, bens de luxo e grandes fortunas — além de reformas no sistema financeiro global para liberar crédito e aliviar dívidas de nações mais pobres.
O texto não tem força de tratado internacional nem será objeto de negociação entre países, mas funciona como um guia político e técnico para transformar promessas em dinheiro real.
A ideia é criar um consenso mínimo sobre como escalar e dar previsibilidade aos investimentos em adaptação (para lidar com os impactos já inevitáveis, como secas e enchentes), mitigação (redução das emissões de gases de efeito estufa) e transição energética (substituição gradual dos combustíveis fósseis por fontes limpas).
Pontos concretos do Roteiro de Baku a Belém:
▶️Taxação de atividades poluentes e de luxo: propõe cooperação internacional para criar ou ampliar impostos sobre setores altamente emissores, produtos de luxo e transações financeiras, além de estudar contribuições voluntárias de indivíduos de altíssima renda.
▶️Taxas sobre aviação e transporte marítimo: estima arrecadação potencial de US$ 4 a 223 bilhões por ano, conforme o nível de cobrança (por bilhete, combustível ou tonelada transportada).
▶️Imposto sobre transações financeiras: aplicado a mercados de ações, títulos e derivativos, poderia gerar US$ 105 a 327 bilhões anuais.
▶️Taxas sobre grandes fortunas e multinacionais: propõe um imposto mínimo corporativo global (US$ 165 a 540 bi/ano) e tributos progressivos sobre riqueza pessoal (US$ 200 a 1,3 tri/ano).
▶️Reemissão e redirecionamento de Direitos Especiais de Saque (SDRs): sugere ampliar emissões do FMI e canalizar até US$ 500 bilhões anuais para ações climáticas nos países mais vulneráveis.
▶️ Triplicar desembolsos dos fundos multilaterais de clima até 2030: objetivo de aumentar saídas anuais em relação a 2022, alcançando US$ 300 bilhões, com reformas de acesso e governança.
▶️ Revisão das políticas dos bancos multilaterais de desenvolvimento (MDBs): recomenda aplicar a Capital Adequacy Framework para liberar até US$ 390 bilhões adicionais em capacidade de empréstimo até 2030.
▶️Trocas de dívida por natureza e cláusulas climáticas: propõe ampliar mecanismos de debt-for-climate e criar cláusulas de suspensão automática de pagamento em caso de desastres, para aliviar o endividamento dos países em desenvolvimento.
▶️Fundos para “transição justa”: Incentivo à criação de janelas dedicadas para trabalhadores, mulheres e povos indígenas, garantindo que a transição energética reduza desigualdades e gere empregos sustentáveis.
▶️Tributação e cotas em mercados de carbono: Defende maior transparência e convergência entre sistemas de precificação de carbono, com parte da arrecadação destinada a fundos internacionais.
Fonte: g1
