
Pantanal tem redução de 75% na frequência anual de áreas alagadas
MapBiomas
A maior planície alagável do mundo, o Pantanal, enfrenta o período mais seco dos últimos 40 anos. Um levantamento do MapBiomas, realizado entre 1985 e 2024 e divulgado nesta quarta-feira (12), mostra que a área que permanece alagada anualmente diminuiu 75%, passando de 1,6 milhão de hectares (1985–1994) para 460 mil hectares (2014–2024).
O ano de 2024 foi o mais seco de toda a série histórica, com a área alagada 73% abaixo da média. O estudo indica que, a cada década, o bioma registra cheias menores e secas mais intensas.
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Causas do problema
O Pantanal depende das águas que descem do Planalto da Bacia do Alto Paraguai (BAP), onde nascem os rios que o abastecem. A BAP abrange áreas de Mato Grosso (48% da bacia, com 17,4 milhões de hectares) e Mato Grosso do Sul (52%, com 18,6 milhões de hectares).
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O Planalto é composto por 83% de Cerrado e 17% de Amazônia, enquanto o Pantanal corresponde à Planície que recebe essas águas.
Entre 1985 e 2024, o Planalto perdeu parte significativa de sua cobertura vegetal. A vegetação nativa passou de 72% para 46% em Mato Grosso e de 59% para 36% em Mato Grosso do Sul, o que representa uma perda total de 5,2 milhões de hectares.
Nesse mesmo período, a agricultura aumentou quase quatro vezes, sendo a soja responsável por 80% das áreas cultivadas. As pastagens cresceram 4,4 milhões de hectares, substituindo parte da vegetação nativa.
Impactos
Com menos florestas e savanas, o solo fica mais exposto e a água da chuva escoa rápido, em vez de alimentar os rios. Em 1985, 33% do Planalto já era usado por atividades humanas. Em 2024, esse número subiu para quase 60%.
A situação das pastagens também preocupa:
63% delas têm baixo ou médio vigor (vegetação fraca ou degradada).
No trecho da Amazônia, 52% das pastagens estão em mau estado.
No Cerrado, 55% estão com baixo ou médio vigor.
Situação na Planície Pantaneira
Na Planície, a vegetação natural diminuiu de 96% para 84% entre 1985 e 2024, resultando na perda de 1,7 milhão de hectares de áreas nativas. As pastagens aumentaram de 563 mil hectares para 2,2 milhões no mesmo período, e 85% delas apresentam baixo ou médio vigor vegetativo.
A mineração foi a atividade que mais cresceu proporcionalmente na última década, com aumento de 60%.
No total da Bacia do Alto Paraguai, as áreas agrícolas e de pastagem passaram de 21% em 1985 para 40% em 2024, correspondendo à conversão de 7,5 milhões de hectares de vegetação nativa — 84% no Planalto e 16% na Planície.
Evolução por década
1985–1994: grande expansão das pastagens. O Planalto perdeu 12% da vegetação nativa.
1995–2004: avanço do desmatamento para o interior do Pantanal, com perda de 527 mil hectares de vegetação nativa.
2005–2014: início da redução da frequência de cheias e aumento de formações savânicas sobre campos e pastagens.
2015–2024: década mais seca da série histórica. A área alagada reduziu 1,2 milhão de hectares em relação à primeira década, e o Pantanal perdeu 450 mil hectares de vegetação nativa.
*Estagiário sob supervisão de Nadine Lopes
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Fonte: g1
