Pesquisadora do interior de SP é eleita uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em ações climáticas pela Revista Time


Mariangela Hungria a primeira brasileira a ganhar o Prêmio Mundial da Alimentação, considerado o “Nobel da Agricultura”
Arquivo Pessoal/Mariangela Hungria
A cientista Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa e criada em Itapetininga, no interior de São Paulo, foi incluída na lista Time100 Climate 2025, que destaca as cem personalidades mais influentes do mundo em ações pelo clima. Ela aparece na categoria Defenders (Defensoras).
A lista será publicada na edição de 10 de novembro de 2025 da revista norte-americana Time.
“Essas premiações são incríveis. Uma oportunidade para falar de sustentabilidade na agricultura, de nós, mulheres”, afirmou.
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Mariangela também vai participar da COP 30, a pesquisadora estará presente entre os dias 10 e 15 de novembro, durante a AgriZone, parte da Jornada pelo Clima, iniciativa da Embrapa que busca debater soluções para uma agricultura de baixo carbono, inclusiva e resiliente às mudanças climáticas.
Mariangela é eleita uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em ações climáticas pela Revista Time
Reprodução
Nobel da Agricultura
Em maio deste ano, ela foi a primeira brasileira a ganhar o Prêmio Mundial da Alimentação, considerado o “Nobel da Agricultura”.
“É uma forma de levar uma imagem positiva da sustentabilidade no Brasil, de mostrar que a gente não é só devastação.”
Ela também falou sobre os desafios enfrentados ao longo da carreira, especialmente no início da pesquisa na área biológica da agricultura, quando ainda havia forte resistência ao uso de técnicas sustentáveis.

“Todo mundo dizia que não tinha futuro, que grandes produções só seriam possíveis com químicos e tudo mais. Mas a gente seguiu acreditando.”
Mariangela não esconde o orgulho de suas raízes. Foi no quintal da tradicional Escola Peixoto Gomide, onde a avó lecionava no curso de farmácia, que nasceu sua paixão pela ciência.
“Eu falo muito de Itapetininga, da minha avó, da inspiração. Ela sempre foi a minha inspiração.”
Em 2006, os agrônomos Edson Lobato e Alysson Paulinelli dividiram o prêmio com o colega estadunidense, a Colin McClung, pelo trabalho no desenvolvimento da agricultura na região do cerrado.
Em 2011, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e John Kufuor, ex-presidente de Gana, foram os escolhidos por sua atuação no combate à fome como chefes de governo. 
Mariangela Hungria engenheira agrônoma pela USP
Arquivo Pessoal/Mariangela Hungria
Trajetória de sucesso
Engenheira agrônoma pela USP, com mestrado e doutorado em ciência do solo, além de pós-doutorados nos EUA e na Espanha, Mariangela soma mais de 500 publicações científicas, já orientou mais de 200 alunos e coleciona prêmios, incluindo a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico, o Prêmio Cláudia em Ciências e a inclusão na lista da Forbes como uma das mulheres mais influentes do agronegócio. Recentemente, foi uma das vencedoras do 1º Prêmio Mulheres e Ciência do CNPq.
Desde 1991, Mariangela atua como pesquisadora na Embrapa Soja e também leciona na UEL e UTFPR. Mas destaca que encontrou ainda na infância com a avó a sua maior inspiração: “Ela fazia experiências comigo no quintal, me ensinava com paixão. Esse exemplo foi determinante para a minha trajetória”.
Seu caminho também foi influenciado por Joana Döbereiner, cientista que a contratou e acreditou em seu potencial. De lá para cá, foram vários tipos de reconhecimento obtidos.
Em entrevista recente ao g1, ela já havia falado sobre a valorização das mulheres na ciência e do trabalho com bioinsumos.
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Mariangela relembra que sua primeira premiação foi fundamental para custear uma viagem ao exterior com as filhas
Arquivo Pessoal/Mariangela Hungria
Mariangela destaca a importância de políticas para incentivar a participação feminina na ciência, especialmente no período da maternidade, quando muitas mulheres são penalizadas pela queda na produtividade acadêmica.
“A mulher não pode ser punida por ser mãe. O início da maternidade é muito idealizado, mas, na prática, é um período desafiador. Se a pesquisadora perde uma bolsa ou um projeto porque teve um filho, isso é um soco no estômago. Precisamos criar mecanismos para que mães pesquisadoras não percam bolsas ou projetos.”
Desde o início da carreira, Mariangela apostou na biotecnologia agrícola, mesmo quando muitos desacreditavam no potencial dos bioinsumos. Hoje, suas tecnologias são aplicadas em milhões de hectares e beneficiam pequenos produtores.
O projeto mais recente, em parceria com uma cooperativa, visa tornar os bioinsumos acessíveis para agricultores familiares. “Essa luta de anos finalmente está dando frutos e pode servir de exemplo para outras cooperativas”, afirma.
Mariangela relembra que sua primeira premiação foi fundamental para custear uma viagem ao exterior com as filhas. Agora, ela deseja retribuir criando uma fundação para apoiar mulheres na ciência, no jornalismo e em projetos sociais.
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Fonte: g1