PF mira bancários em nova fase de operação contra desvio de FGTS de treinadores e jogadores de futebol

Advogada é acusada de golpe por treinador e jogadores
A Polícia Federal (PF) iniciou na manhã desta quinta-feira (13) a 3ª fase da Operação Fake Agents, no Rio de Janeiro, que investiga saques indevidos do FGTS de treinadores e jogadores de futebol. Em agosto, o RJ2 mostrou que a advogada Joana Costa Prado Oliveira foi acusada, por atletas e dirigentes, de desviar R$ 7 milhões do Fundo.
A TV Globo apurou que os mandados de busca e apreensão desta quinta são funcionários e ex-funcionários da Caixa Econômica Federal suspeitos de participar da fraude. Joana havia sido alvo de buscas na 2ª fase da Fake Agents, em janeiro, e no fim de setembro foi suspensa de exercer a advocacia pelo Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-RJ.
Agentes foram para a casa de 3 bancários, nos bairros da Tijuca, Ramos e Deodoro, e para uma agência da Caixa no Centro do Rio. As investigações indicam que Joana usava esses contatos no banco para facilitar o levantamento irregular dos valores. A PF apura os crimes de falsificação de documento público, estelionato e associação criminosa.
A apuração começou após um banco privado comunicar à Polícia Federal uma suspeita de fraude, e a 1ª etapa foi deflagrada em maio de 2024.
“Documentos falsos teriam sido usados para abrir uma conta em nome de um jogador peruano, que acabou usada para receber ilegalmente recursos do FGTS. O prejuízo estimado apenas nesse caso é de R$ 2,2 milhões”, afirmou a PF. Esse atleta é Paolo Guerrero, que atuou no Corinthians, no Flamengo e no Internacional.
A operação é coordenada pela Unidade de Investigações Sensíveis da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da PF no Rio, com apoio da área de inteligência e segurança da Caixa.
A advogada Joana Prado de Oliveira
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Relembre o caso
A advogada Joana Costa Prado de Oliveira é investigada pela Polícia Federal por suspeita de aplicar golpes e realizar saques irregulares de FGTS de jogadores, ex-jogadores e treinadores de futebol.
Em agosto, ao RJ2, o técnico Oswaldo de Oliveira acusou a advogada de se apropriar de mais de R$ 3 milhões. Segundo ele, os valores incluíam tanto quantias do Fundo de Garantia quanto pagamentos de ações trabalhistas que ela teria recebido e não repassado.
A PF tem 2 inquéritos principais: um envolvendo Oswaldo e outro o zagueiro Christian Chagas Tarouco, o Titi, que atualmente joga pelo Goiás. Além deles, há indícios de prejuízos sofridos por outros atletas, como o zagueiro Juninho (ex-Botafogo), o peruano Paolo Guerrero, o meia Ramires, o equatoriano João Rojas e o também peruano Cueva.
O montante total sob investigação chega a R$ 7,7 milhões, resultado de saques e transferências supostamente realizados sem autorização entre 2022 e 2024. Em alguns casos, como o de Titi, as transações foram descobertas pelas vítimas ao tentar acessar o saldo do FGTS. O jogador relatou que os valores foram retirados de suas contas e transferidos para contas ligadas ao escritório da advogada.
Oswaldo de Oliveira, que comandou clubes como Flamengo, Fluminense, Botafogo, Corinthians e Vasco, afirmou que contratou Joana Prado para representá-lo em ações trabalhistas contra o Corinthians e o Fluminense. Segundo ele, a advogada recebeu cerca de R$ 2,3 milhões do clube paulista e R$ 220 mil do carioca, mas não fez o repasse. Documentos apresentados à Justiça mostram que, em novembro de 2024, ela assinou um acordo reconhecendo que “recebeu, reteve e deixou de repassar os valores”, comprometendo-se a devolvê-los — o que, segundo o treinador, não ocorreu.
As investigações também apontam que Joana Prado mantinha relação próxima com o meio esportivo. Ela trabalhou por 12 anos no Botafogo, onde chegou a ser diretora jurídica, e integrou o Tribunal de Justiça Desportiva do Rio. Atualmente, faz parte da Comissão de Direito Desportivo da OAB-RJ. A PF apura se ela teria usado essa posição e o acesso a documentos para obter procurações e realizar saques de forma indevida.
O que diz Joana
Joana Prado nega as acusações. À época da veiculação das reportagens, ela divulgou a seguinte nota:
“A defesa da advogada Joana Prado recebeu com surpresa as informações veiculadas recentemente.
Sem prejuízo de dedicar o maior respeito ao direito à informação e à liberdade de imprensa, ressalta que os processos disciplinares instaurados no âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil tramitam sob sigilo, justamente para resguardar a dignidade e a imagem dos profissionais envolvidos.
Cumpre informar que já foram adotadas todas as medidas jurídicas cabíveis, inclusive com a interposição de recurso contra a decisão que determinou a suspensão preventiva de sua inscrição na Ordem.
Ainda de acordo com a defesa, o ato é objeto de contestação por sua natureza arbitrária e por afronta ao devido processo legal e ao direito de ampla defesa e contraditório.
A defesa reitera sua plena confiança na reversão da decisão e na pronta restauração da justiça, reafirmando o compromisso da advogada Joana Prado com a ética, a legalidade e o exercício responsável da advocacia”.
Jogadores e técnico tiveram saques em contas do FGTS
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Fonte: g1