Plano para transformar saúde da Unicamp em autarquia prevê aprovação em 2026 e conclusão em dez anos


Unicamp
Reprodução/EPTV
O relatório final criado por um grupo de trabalho apontado pela Reitoria da Unicamp propõe que a autarquização da área da saúde da universidade seja aprovada no primeiro semestre de 2026. A proposta inclui prazo de dez anos para que o processo seja concluído – ou seja, a mudança aconteceria de forma gradual e escalonada até 2036.
O documento foi apresentado ao reitor Paulo Cesar Montagner na quinta-feira (6), e as informações foram divulgadas pela Unicamp nesta segunda (10). O plano ainda deverá ser submetido ao Conselho Universitário (Consu) da universidade e, se aprovado, será levado ao governo estadual para implementação.
Segundo a proposta, a autarquização deve conferir autonomia administrativa e financeira à área da saúde, mantendo os atendimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde, e possibilitaria a execução de um plano de expansão acadêmica que inclui a criação de novos cursos. Confira o que propõe o relatório abaixo.
O g1 entrou em contato com o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp e com a Associação de Docentes da Unicamp para pedir um posicionamento sobre a proposta, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.
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O que mudaria na saúde?
De acordo com a proposta, a área da saúde, que hoje integra diretamente a estrutura administrativa e orçamentária da Unicamp, seria transformada em uma autarquia chamada Hospital das Clínicas da Unicamp (HC-Unicamp).
a proposta é de que a autarquização seja aprovada (institucional e legalmente) no primeiro semestre de 2026
a estruturação administrativa e financeira ocorreria entre 2026 e 2027, e a expansão e consolidação do projeto aconteceriam entre 2027 e 2036
a autarquia reuniria oito órgãos, incluindo o atual Hospital de Clínicas (HC) e o Hospital da Mulher (Caism)
ela passaria a ser vinculada à Secretaria de Saúde de SP, para fins administrativos e orçamentários
O documento afirma que o vínculo acadêmico seria mantido, para fins de ensino, pesquisa e extensão, bem como o atendimento integral a pacientes do SUS.
Motivos apontados
O relatório aponta que a área da saúde da Unicamp seria a única entre os hospitais universitários estaduais de São Paulo que integra diretamente a estrutura administrativa e orçamentária da universidade.
Segundo o grupo responsável pelo documento, essa vinculação garante excelência assistencial, mas também limita a expansão e a agilidade de investimentos.
O texto alega que o HC dispõe de 560 leitos para atender 4,2 milhões de pessoas dependentes do SUS, o que representa uma proporção de 7.500 pacientes por leito. Esse índice seria maior que o de instituições que já operam como autarquias, como Ribeirão Preto (3.300 pacientes por leito) e Botucatu (2.300 por leito).
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Impactos financeiros e para servidores
Segundo a Unicamp, com a autarquização, cerca de 17% do orçamento — equivalente a R$ 1,1 bilhão — deixaria de ser destinado à saúde. Esses recursos seriam direcionados para expansão acadêmica, criação de novos cursos e infraestrutura.
O plano prevê que a Secretaria de Saúde assuma gradualmente os custos da área. A partir de 2028, o custeio operacional ficaria sob responsabilidade da pasta, e o pagamento integral dos servidores ocorreria a partir de 2031.
O documento afirma que os servidores manteriam benefícios como auxílio-transporte, vale-refeição, auxílio-criança, vale-alimentação e auxílio-saúde, além da possibilidade de participar de processos formativos e de progressão na carreira.
Plano de expansão acadêmica
Na proposta, a universidade sugere que os recursos que seriam liberados com a autarquização da área da saúde sejam investidos em um plano de expansão acadêmica. O orçamento seria direcionado aos seguintes pontos principais:
criação de novos cursos de graduação e pós-graduação, com a abertura de 1.100 novas vagas até 2030
as novas vagas seriam criadas em cursos como Medicina, Inteligência Artificial, Ciência de Dados, Energia, Engenharia Biomédica, Psicologia, Fisioterapia e Direito
contratação de docentes e novos funcionários técnico-administrativos
modernização curricular
infraestrutura dos campi
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Fonte: g1