
Investigada por apoiar fuga em presídio de Roraima lamenta morte de amigo do CV
Condenada por tráfico de drogas e investigada por financiar a fuga de quatro presos do Comando Vermelho (CV) da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), em Roraima. Evelyn Lorrany Nogueira de Lima, de 23 anos, conhecida como “Porcelana”, é suspeita de participar de ações da facção em Roraima. Entenda na linha do tempo abaixo.
Um infográfico, os principais fatos — da prisão em flagrante com o namorado, o “TH da Zona Leste”, à investigação mais recente da Operação Cerco Fechado, que apura o apoio logístico e financeiro à fuga dos detentos.
INFOGRÁFICO: Cronologia da Porcenala
Arte g1
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Prisão em flagrante
A primeira vez que Porcelana apareceu em investigações foi em junho de 2022, quando foi presa pela Polícia Federal em Boa Vista junto com o namorado, Thiago Lima dos Santos, o “TH da Zona Leste”.
O casal foi flagrado com 1,7 kg de cocaína, 32 g de maconha, duas armas de fogo e 45 munições calibre 9 mm.
Durante a operação, a PF apreendeu também 47 comprovantes de depósitos bancários e contratos de carros alugados, apontando movimentações financeiras e logísticas que, mais tarde, voltariam a aparecer nas investigações sobre a fuga de presos.
Condenação por tráfico e armas
Evelyn Lorrany Nogueira de Lima, conhecida como Porcelana, à época em que foi presa em flagrante e o comprovante do deposito que fez em 2022
Reprodução
O casal foi condenado a cinco anos de prisão em regime semiaberto pelos crimes de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo.
A sentença foi expedida pela Vara de Entorpecentes e Organização Criminosa de Boa Vista.
O caso foi considerado um dos primeiros indícios da presença ativa do Comando Vermelho em Roraima, com conexões diretas entre integrantes do Amazonas e da capital Boa Vista.
Transferência de pena
A jovem Evelyn Lorrany Nogueira de Lima, de 23 anos.
Reprodução/Instagram
Após um pedido da defesa, Porcelana foi autorizada a cumprir a pena em Manaus, alegando ter vínculos familiares e duas filhas pequenas na cidade.
A Justiça acatou o pedido, e a execução penal dela foi transferida do Tribunal de Justiça de Roraima para o do Amazonas.
Desde então, Evelyn passou a responder em regime semiaberto, com obrigação de permanecer em casa durante a noite.
Fuga na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo
Quatro presos do Comando Vermelho fugiram do maior presídio de Roraima. A Polícia Civil afirma que Porcelana e o namorado tiveram papel importante no plano, financiando a fuga e dando suporte aos fugitivos nas rotas de saída até o Amazonas.
O grupo era formado por Natanael Araújo Mesquita, Kaique de Almeida Vieira, Moisés Farias de Pinho e Thiago Edward Cândida Dias; todos recapturados depois.
A investigação apontou que Porcelana e TH enviaram dinheiro para abastecimento de veículos e compra de mantimentos, usados pelos fugitivos enquanto se escondiam em áreas de mata.
Depoimentos colhidos pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) indicam que o casal também ajudou a organizar o transporte até Manaus, com o uso de carros alugados em empresas da capital amazonense.
Morte de TH
Thiago Lima dos Santos, o “TH da Zona Leste”, foi morto em Manaus com 38 tiros durante uma emboscada.
Apontado como uma das lideranças do Comando Vermelho no Amazonas, TH era considerado o elo entre o grupo de Manaus e os integrantes da facção presos em Roraima.
Com a morte dele, Porcelana passou a ser a principal investigada viva na apuração sobre a fuga e o repasse de dinheiro a presos.
Operação Cerco Fechado
A Polícia Civil de Roraima deflagrou a operação para desarticular o grupo que teria dado apoio à fuga dos presos.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Roraima e no Amazonas, mas Porcelana não foi encontrada.
A Civil informou que não havia mandado de prisão contra ela, apenas ordens de busca domiciliar.
Morte de “Gringo”
Dias depois da operação, Francisco Myller Moreira da Cunha, o “Gringo” ou “Suíça”, uma das lideranças do CV no Amazonas e amigo próximo de Porcelana, foi morto durante a megaoperação policial no Rio de Janeiro.
Gringo havia sido citado em investigações anteriores como um dos contatos de Thiago e Evelyn.
Um dia após a morte de Gringo, Porcelana publicou vídeos e mensagens lamentando a perda do amigo em suas redes sociais.
“Vai nos fazer muita falta”, escreveu ela.
A postagem chamou atenção porque foi feita enquanto ela era alvo de buscas em Manaus e ainda não havia se apresentado à Justiça.
Novas revelações da PF
Investigações da Polícia Federal revelaram que Porcelana estava envolvida em movimentações financeiras e locação de veículos em 2022, quando foi presa com TH.
As mesmas provas (comprovantes de depósitos e contratos de locação) agora sustentam a investigação sobre o financiamento da fuga dos presos.
Segundo a PF, parte do dinheiro era usada para manter o grupo fugitivo nas matas e custear a chegada deles ao Amazonas.
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Fonte: g1
