Ibama destrói avião usado pelo garimpo ilegal para explorar ouro dentro do santuário de árvores gigantes
José Edno Alves de Oliveira, conhecido como “Marujo”, foi preso em 16 de agosto acusado de mandar matar oito pessoas em uma chacina na divisa entre o Amapá e o Pará. A polícia aponta o suspeito como um dos principais nomes ligados ao garimpo ilegal e à violência armada na Amazônia.
Na operação mais recente contra Marujo, realizada nesta semana, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) destruiu um avião usado para abastecer um garimpo ilegal localizado a apenas 1 quilômetro da segunda árvore mais alta da Amazônia, um Angelim-vermelho de 85 metros.
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A ação, chamada de Operação Xapiri Karuana, também desmantelou uma pista clandestina e aplicou R$ 4,8 milhões em multas ao suspeito. A operação ocorreu em Laranjal do Jari na segunda-feira (10) e foi divulgada nesta quinta-feira (13).
Segundo o Ibama, o garimpo ilegal se mantém por meio de pistas abertas dentro da floresta. Em Laranjal, os agentes encontraram uma estrutura usada para transportar combustível e equipamentos.
O g1 solicitou nota à defesa de José Edno sobre as acusações, mas não teve retorno até a última atualização desta matéria.
Ibama destrói avião usado pelo garimpo ilegal para explorar ouro dentro do santuário de árvores gigantes
Reprodução/TV Globo
A polícia considera Marujo peça-chave na criminalidade da região. Ele é acusado de:
Liderar atividades de garimpo ilegal;
Ser mandante da chacina que deixou oito mortos;
Acumular multas milionárias por crimes ambientais.
José Edno Alves de Oliveira, conhecido como “Marujo” – apontado como mandante de chacina entre o Amapá e o Pará
Reprodução
O suspeito foi localizado em Samambaia (DF), oito dias após os corpos serem encontrados em uma área de mata. A investigação começou após denúncias nas redes sociais sobre seu possível envolvimento.
Na época, a defesa negou participação e disse que a acusação feria a honra da família. A prisão foi resultado de um trabalho integrado das forças de segurança, com apoio de análises cibernéticas.
Quatro dias depois, a Justiça de Goiás autorizou a transferência de Marujo para o Amapá. O juiz Victor Alvares Cimini Ribeiro, da 1ª Vara Criminal de Luziânia, citou a superlotação das prisões locais como motivo da decisão.
Segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Amapá (Sejusp), o detento aguarda transferência.
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g1
A chacina aconteceu em uma área isolada na divisa entre Laranjal do Jari (AP) e Almeirim (PA), marcada por disputas territoriais e pela presença de garimpos ilegais.
A região atrai criminosos pelas jazidas de ouro e abriga áreas protegidas, como a Estação Ecológica do Jari (PA) e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru (AP).
De acordo com as investigações, as vítimas foram confundidas com assaltantes que atuavam na área. O grupo de nove garimpeiros, na verdade, negociava terras em um garimpo ilegal.
Os corpos foram encontrados em pontos distintos da mata e do rio Jari. Duas caminhonetes usadas pelo grupo foram incendiadas.
A polícia concluiu que cinco policiais militares, um guarda municipal e um garimpeiro participaram da ação a mando de Marujo. Todos estão presos.
Dois meses após o crime, o Ministério Público do Amapá (MP-AP) recomendou que a Secretaria de Meio Ambiente reforçasse a proteção da região. O órgão pediu medidas de segurança em um raio de 1 quilômetro ao redor das árvores gigantes.
Segundo o MP, há pelo menos três grandes garimpos ilegais na área. As primeiras informações oficiais sobre a presença de garimpeiros e extração de ouro datam de fevereiro de 2022.
Angelim Vermelho: maior árvore da Amazônia localizada na divisa do Amapá e do Pará
Rafael Aleixo/Arquivo GEA
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Fonte: g1
