Rochas com 'linhas misteriosas' às margens do Rio Tocantins têm cerca de 200 milhões de anos, diz geólogo


Vídeo mostra linhas ‘misteriosas’ em rochas às margens do rio Tocantins
As rochas com linhas perfeitas que chamaram a atenção de moradores em Aguiarnópolis, no norte do estado, possuem aproximadamente 200 milhões de anos, segundo o geólogo Otton Pinheiro. O especialista conta que as rochas possivelmente foram formadas pelo resfriamento e solidificação do magma, enquanto os “riscos” foram formados por movimentos tectônicos de escala regional.
“É perfeitamente possível [as linhas retas na rocha]. O estranho seria se ela não fosse reta. Elas são resultantes de movimentos tectônicos de escala regional”, explicou o geólogo.
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As imagens das linhas no norte do Tocantins foram registradas pelo vereador Elias Júnior no dia 2 de novembro de 2025. Ele e o morador Francisco Nivaldo foram até a margem do Rio Tocantins para gravar um vídeo sobre a construção da ponte Juscelino Kubitschek, quando avistaram as rochas.
“É um mistério porque é só naquele meio lá que tem. Eu fiquei imaginando o que poderia ser uma coisa daquela ali. Pela idade que eu tenho, conheço muito o interior, que tem muita pedra, nunca tinha visto uma coisa igual aquela ali”, contou Francisco.
Linhas são vistas em rochas às margens do rio Tocantins
Elias Júnior/Reprodução
Como descobrir a idade de uma rocha?
Em entrevista ao g1, o geólogo Otton Pinheiro explicou como é feita a identificação da idade das rochas. Essa ciência recebe o nome de datação geocronológica. Nela, são usadas várias técnicas para saber sobre a formação das rochas.
O especialista conta que, atualmente, as datações são feitas em laboratórios ultramodernos. Entre os métodos utilizados estão: U-Pb (urânio-chumbo), Rb-Sr (rubídio-estrôncio) e K-Ar (potássio-argônio).
“O método selecionado analisa os elementos químicos instáveis presentes nas rochas. São chamados instáveis por sofrerem decaimento radioativo, se transformando em outros elementos químicos mais estáveis. Conhecida a velocidade com que ocorre essa transformação, é possível determinar há quanto tempo o processo está acontecendo em uma determinada rocha”, explicou.
No caso de Aguiarnópolis, a datação das rochas já havia sido feita pelo Serviço Geológico do Brasil. Segundo o geólogo, elas pertencente a ‘Formação Mosquito’, um conjunto de rochas vulcânecas, da Bacia Sedimentar do Maranhão. Por isso, ao identificar que elas são rochas igneas, formadas pela solidificação do magma, é possível saber a ‘idade’ aproximada delas.
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Levantamento geológico no Tocantins
Equipamentos usados no mapeamento aerogeofísico
Igo Estrela/Serviço Geológico do Brasil
Um mapeamento geológico é realizado no Tocantins, nas regiões sul e sudeste, para identificar locais com potencial para mineração. Segundo Otton, por meio desse levantamento, também é possível identificar estruturas geológicas como falhas e fraturas.
O levantamento é feito por meio de uma aeronave equipada para registrar variações do campo gravitacional, radiação e magnetismo no subsolo. Ele deve passar por 20 cidades do Tocantins.
“Embora as técnicas empregadas sejam voltadas principalmente à prospecção de minerais metálicos como cobre, ouro, zinco, chumbo, prata, ferro, manganês, níquel, elementos de terras raras, dentre outros, fundamentais para a transição energética. Os dados gerados também oferecem inúmeras aplicações, como na agricultura, gestão ambiental e planejamento territorial”, explicou o geólogo Sanclever Freire Peixoto.
O último levantamento aerogeofísico feito no Brasil ocorreu em 2015. No Tocantins, a base do projeto fica em Porto Nacional. A pesquisa é coordenada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) e conta com investimentos de R$ 10,5 milhões do Novo Programa de Aceleração do Crescimento.
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Fonte: g1