
Wanderlei Barbosa é alvo de mandado em operação da PF
O governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), voltou a ser alvo de operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (12). Nessa nova operação, ele é suspeito de tentar atrapalhar as investigações da Operação Fames-19 sobre o desvio de cestas básicas durante a pandemia.
A TV Anhanguera apurou que, às vésperas de seu afastamento no dia 3 de agosto, quando foi alvo de buscas da Fames-19, o governador deixou a casa onde morava “às pressas”, deixando luzes ligadas, comida sobre a mesa, um cofre aberto e vazio, além de um celular resetado em uma cômoda.
A Operação Nêmesis, realizada nesta quarta-feira, foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça e apura a possível prática de embaraço a investigação da Operação Fames-19, que investiga desvio de recursos públicos da Covid-19 e emendas parlamentares utilizadas para compra de cestas básicas durante a pandemia.
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Ao chegarem ao local, os policiais encontraram as luzes acesas em um dos quartos da filha do casal, a televisão ligada e comida sobre uma das mesas da casa. Durante a ação, também foi localizado um celular carregando sobre um gaveteiro, ao lado da cama de um dos cômodos. O aparelho apresentava sinais de ter sido “resetado”, com o sistema restaurado para as configurações de fábrica.
Os policiais militares que faziam a segurança do governador deram versões conflitantes sobre o paradeiro dele e da primeira-dama. O casal só foi encontrado horas depois na Fazenda Santa Helena, em Aparecida do Rio Negro (TO).
A suspeita da polícia é de que “os investigados tomaram conhecimento previamente da realização da diligência”.
“Muito provavelmente, tomaram conhecimento da ordem antes mesmo de seu cumprimento, atuando ativamente para subtrair documentos, equipamentos eletrônicos e, possivelmente, dinheiro em espécie para frustrar o escopo das investigações”, diz a decisão.
A assessoria do governador afastado afirmou, em nota, que Wanderlei Barbosa recebeu com estranheza mais uma operação da Polícia Federal enquanto espera julgamento de recurso no Superemo Tribunal Federal e “ao mesmo tempo reitera a sua disponibilidade para colaborar com as investigações e mantém a sua confiança na justiça e nas instituições”. (Veja nota na íntegra da reportagem)
Governador afastado teria deixado um celular resetado e comidas sobre a mesa.
Polícia Federal/ Divulgação
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Polícia Federal/Divulgação
Operação Nêmesis
A Polícia Federal cumpriu 24 mandados de busca e apreensão em Palmas e Santa Tereza do Tocantins na manhã desta quarta-feira, para investigar a possível prática de embaraço a investigação de desvio de recursos públicos da Covid-19 e emendas parlamentares utilizadas para compra de cestas básicas durante a pandemia.
Wanderlei Barbosa foi afastado do cargo no início de setembro, durante cumprimento de mandados da operação Fames-19. A PF investiga se houve desvio de dinheiro das cestas básicas que podem ter sido aplicados na construção de uma pousada luxuosa ligada à família do governador.
Segundo a Polícia Federal, as investigações tiveram início durante a deflagração da 2ª fase da Operação Fames-19, que afastou Wanderlei Barbosa no início de setembro, pelo prazo de 180 dias. A primeira-dama Karynne Sotero Campos, que era secretária extraordinária de Participações Sociais, também foi afastada. Os dois negam participação nos fatos investigados.
A PF identificou indícios de que alguns investigados teriam se prevalecido de seus cargos e utilizado veículos oficiais para retirar e transportar documentos e materiais de interesse da investigação. Isso causou embaraço às investigações, que ainda se encontram em curso e tramitam sob sigilo na Corte Especial do STJ.
A assessoria do governador Wanderlei Barbosa informou que durante as buscas desta quarta-feira foram levados celulares e, por enquanto, não vai se manifestar.
Afastamento de Wanderlei Barbosa
Wanderlei Barbosa e a primeira-dama foram afastados no dia 3 de setembro de 2025. A decisão foi do ministro Mauro Campbell, do STJ, mas depois foi referendada pela Corte Especial do órgão. Os dois são suspeitos de desvios de recursos públicos realizados em 2020 e 2021, momento em que foi declarado estado de emergência em saúde pública por conta da pandemia de Covid-19.
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Na época, Wanderlei seria o responsável pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), órgão que recebia os recursos que iriam ajudar a população durante a pandemia. Segundo a PF, Wanderlei Barbosa teria mantido um esquema de desvios através de contratações ilícitas.
As investigações apontam que Karynne teria intermediado as contratações, atuado na organização da parte documental, no cumprimento dos requisitos necessários ao recebimento de recursos públicos, e tomou ciência da distribuição das vantagens indevidas previamente combinadas.
Íntegra da nota de Wanderlei Barbosa
O Governador Wanderlei Barbosa recebeu com estranheza mais uma operação da Polícia Federal ao mesmo tempo que aumenta a expectativa pelo julgamento do Habeas Corpus que pode devolvê-lo ao cargo.
Ao mesmo tempo reitera a sua disponibilidade para colaborar com as investigações e mantém a sua confiança na justiça e nas instituições.
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Fonte: g1
