Shein inaugura 1ª loja física no mundo em Paris sob protestos e polêmica por bonecas sexuais que lembram crianças


Apesar das sanções administrativas e da investigação judicial em curso pela venda de bonecas sexuais com aparência infantil, o gigante asiático do comércio eletrônico Shein inaugura nesta quarta-feira (5), em Paris, sua primeira loja física permanente no mundo. Símbolo da controvérsia, desde a última terça-feira policiais patrulham a entrada da tradicional loja de departamentos BHV, onde a gigante chinesa irá se instalar. O tema é manchete de capa dos jornais franceses “Le Figaro” e “La Croix”.
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A imprensa francesa desta quarta-feira destacou em peso a polêmica. O jornal conservador “Le Figaro” diz que a França está impotente diante do “tsunami chinês”. A inauguração da loja no BHV, centro comercial no coração da capital francesa, acontece apesar das acusações de venda de produtos de má qualidade e, muitas vezes, perigosos e ilegais. A empresa já recebeu neste ano, na França, três multas que totalizam € 191 milhões.
A Shein é visada por um projeto de lei francês contra a fast fashion e, desde segunda-feira, é alvo de uma investigação do Ministério Público de Paris por difusão de mensagens violentas, pornográficas ou contrárias à dignidade de menores. A empresa será ouvida por uma comissão de informação da Assembleia Nacional. Apesar de tudo, o BHV defende a parceria, imaginada para relançar as vendas na loja de departamentos parisiense, informa o Le Figaro.
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Uma concorrência que atinge todos os setores da indústria francesa em um clima de indiferença total, critica o Figaro em editorial. Paris e Bruxelas têm dificuldade em regulamentar o setor do comércio online, indica ainda o texto.
Tentativa de se “reinventar” 
O “La Croix” completa dizendo que as lojas tradicionais tentam se reinventar diante da concorrência do comércio on-line e dos shopping centers. O jornal católico lembra que, em 1920, a França tinha 850 lojas de departamentos. Hoje, tem apenas 80.
Mas em 40 anos, mesmo com o aumento do número de roupas compradas, o gasto dos franceses com produtos têxteis não aumentou. A Shein, apesar da tentativa de pegada ecológica desastrosa, e dos escândalos, não para de seduzir os franceses com seus preços baixos, aponta o diário.
Reações
Mas as reações já começaram a surgir de diversos setores da sociedade francesa. Doze marcas francesas, que acusam uma concorrência desleal, anunciaram que vão abandonar o BHV. As Galerias Lafayette do interior da França, que também deveriam abrigar uma loja Shein, desistiram da parceria, informa o Les Echos.
Le Parisien relembra que as críticas de autoridades, associações e representantes do setor têxtil francês começaram desde o anúncio da inauguração da loja em Paris, no início de outubro. A quarta-feira promete ser movimentada no BHV com a inauguração, às 13h (9h de Brasília), da loja desta gigante da fast fashion.
A chegada da plataforma, fundada em 2012 na China e atualmente sediada em Singapura, cristaliza as tensões em torno da regulamentação do comércio online. A inauguração da loja é considerada, no entanto, estratégica pelo BHV. 
Logo da Shein em centro comercial em Cingapura.
Edgar Su/ Reuters

Fonte: g1 > Mundo