Sued Nunes constroi novo momento da carreira após indicação ao Grammy Latino: ‘Soltar os punhos cerrados’
Rodrigo Ladeira
A cantora Sued Nunes, indicada ao Grammy Latino 2025 na categoria Melhor Artista Revelação, está pronta para uma nova fase na carreira. Em entrevista ao g1, a jovem de 27 anos revelou que trabalha em um novo álbum, no qual pretende “soltar os punhos cerrados” e cantar mais sobre a liberdade de ser quem é.
Em seus discos anteriores — “Travessia” (2021) e “Segunda-feira” (2024) —, Sued abordou noções ligadas ao território, especificamente o Recôncavo Baiano, onde nasceu e consolidou carreira, e à força ancestral do orixá Exu.
Foi a partir dessas obras que ela ganhou reconhecimento da crítica e chegou à lista final de concorrentes na premiação de música latina. Sued disputou o troféu com Alleh, Annasofia, Yerai Cortés, Juliane Gamboa, Camila Guevara, Isadora, Alex Luna, Ruzzi e Paloma Morphy, essa última a vencedora da categoria.
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Em entrevista ao g1 dias após a divulgação dos finalistas, a baiana natural de Sapeaçu celebrou a conquista como mais uma afirmação do seu trabalho. Instrumentista desde pequena e fruto de uma família musical, Sued viu nessa indicação o resultado de uma vida dedicada à música.
“O Grammy estava nos meus sonhos, e sonhar é também criar o caminho. Uma pessoa me mandou no WhatsApp falando: ‘Você foi indicada’ e aí comecei a chorar. Eu chorava como quem recebia mais uma certeza do caminho”, celebrou.
Grammy Latino 2025: tudo o que você precisa saber
A cerimônia da premiação internacional, organizada pela Academia Latina da Gravação, foi realizada na quinta-feira (13), em Las Vegas, nos Estados Unidos. O evento reuniu diversos artistas brasileiros e teve baianos entre os vencedores, como o grupo BaianaSystem (premiado na categoria “Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa” com “O Mundo dá Voltas”) e Luedji Luna (“Melhor Álbum de Música Popular Brasileira/Música Afro Portuguesa Brasileira” com “Um Mar Pra Cada Um”).
“Agora vocês vão me ver sendo livre”
Mulher negra e nordestina, Sued ressalta que o mercado muitas vezes tenta limitar o trabalho de artistas como ela. Segundo a baiana, muitas pessoas imaginam que ela seja cantora de samba, além da expectativa de que suas músicas abordem questões sociais e políticas.
Decidida a superar esses preconceitos, Sued planeja um novo álbum em que seus fãs poderão vê-la mais livre.
“Não esperem de mim, não quero que ninguém espere de mim. Se falei sobre força e falei que a gente já passou por um período em que a gente é livre, agora vocês vão me ver sendo livre. E eu vou provar isso na minha arte”, provoca a artista.
Para ela, expressar a liberdade na produção artística é essencial para fugir de estereótipos e das armadilhas do racismo que, por vezes, fazem com que pessoas negras fiquem presas ao passado. “Senão a gente fica falando sobre um passado e falando sobre os caminhos que o nosso povo fez até agora, mas a gente não exerce de forma legítima essa liberdade. Eu quero exercer e tenho exercido”, enfatiza.
Alma interiorana
Após ganhar um violão de presente do pai, aos 7 anos, Sued seguiu tocando e cantando no Recôncavo baiano, onde constituiu uma forma pessoal de se relacionar com a música. Das apresentações em bares de Sapeaçu e Cachoeira aos palcos de festivais, a artista pontua que o estilo de vida interiorano é parte essencial de sua natureza artística.
“No interior, a vida passa diferente, com outro tempo. As pessoas se olham mais, se reverenciam mais, elas não têm pressa de passar umas pelas outras. Então, a gente repara mais as coisas. Sinto que [minha] sensibilidade da escrita, da poesia, vem muito sobre esse jeito ‘reconvexo’ de ser”, observa.
No Inatagram, Sued Nunes compartilhou um registro da infância tocando o violão que foi o início de sua carreira musical. Na época, ela era uma referência na cidade por ser uma menina que tocava o instrumento.
Reprodução/Redes sociais
Sempre preocupada em não automatizar a vida, a artista busca inspiração em muitos lugares. Entre Evinha, Ana Carolina, Adriana Calcanhotto, Os Tribalistas e outros artistas que podem ser tocados no violão, a cantora tenta se manter atenta às influências para além da MPB.
“Eu sinto que algumas pessoas, os jovens, eu acho que eles têm um pouco de receio de falar que também se inspiram nos jovens e que eles também são referências. Escuto todo mundo da nova geração. Se não bater tanto, eu ouço para saber o que está acontecendo na música”, diz.
As artistas do rap feminino estão entre as mais escutadas pela cantora, que busca entender como o empoderamento feminino é trazido por essas referências. Apesar disso, Sued admite que quando está sozinha prefere músicas antigas. “Eu tenho uma playlist apenas com músicas antigas, [aquelas] que as pessoas tiveram que jogar nas plataformas porque antigamente era só na vitrola”, conta.
Curtindo essa nova fase da carreira, a baiana destaca que investe em viagens para buscar novas inspirações. Entre Salvador e São Paulo, ela é confrontada com outras realidades e a oportunidade de pensar novas perspectivas.
“Tenho entendido que a minha criação não é só sobre música. Não vai ser suficiente alguém me perguntar quais discos eu tava ouvindo quando eu fiz o próximo [álbum]. As pessoas vão ter que me perguntar o que eu estava vivendo quando fiz esse disco”. A data de lançamento, no entanto, ainda é mistério.
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Fonte: g1
