
Como é a viagem de ônibus mais longa do Brasil, do RS ao Pará
Já pensou embarcar em um ônibus e só chegar ao destino mais de três dias depois?
Essa é a realidade da rota mais longa do Brasil, que sai de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e vai até Santarém, no Pará. A viagem cruza seis estados e cerca de 65 municípios ao longo de 4.548 km, com duração média de três dias e quatro horas. Cuiabá, capital do Mato Grosso, marca a metade do trajeto. Veja abaixo o trajeto completo.
A viagem é operada pela empresa Ouro e Prata. São três horários diários de saída da capital gaúcha: 6h30, 11h e 18h30. O último é o mais demorado, com três dias, quatro horas e 45 minutos de percurso – e também o mais procurado, de acordo com os funcionários da empresa. O valor da passagem começa em R$ 1.952,99, com variações conforme o horário, dia e a dinâmica de preços.
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O conforto é parte importante da viagem, feita em um ônibus semi-leito. Segundo a ANTT, esse tipo de veículo precisa ter reclinação mínima de 45 graus no encosto e uma distância mínima de 28 cm entre poltronas, quando a poltrona da frente está reclinada ao máximo.
Outros requisitos obrigatórios são apoio para as pernas e oferta de água mineral à vontade. Nos ônibus que fazem esse trajeto, alguns diferenciais são internet a bordo e entradas USB nos assentos para o carregamento de dispositivos.
Há paradas programadas para café, almoço e jantar, além de banhos a cada 500 km, em média. Ainda assim, o banheiro do ônibus é higienizado ao menos 18 vezes por viagem. Nove motoristas atuam no percurso.
Como é ônibus que faz a viagem mais longa do Brasil
O g1 acompanhou o início de uma dessas viagens. O motorista Alceu Nunes Cavalheiro, 52 anos, atua há 25 anos na profissão e há cerca de dois anos e meio percorre esse trajeto. Ele dirige o trecho entre Porto Alegre e Chapecó, que dura cerca de oito horas e meia.
“É gratificante. Eu faço com gosto e gosto do que eu faço”, afirma Alceu.
Segundo ele, o ônibus é abastecido uma única vez no Mato Grosso. Para ele, os maiores problemas são os imprevistos, como acidentes ou desvios. Mesmo assim, afirma que o percurso tem boas rodovias para dirigir. “As estradas hoje fluem bem melhor do que um tempo atrás. Até pertinho de Santarém, é tudo asfaltado”, diz.
Ele também compartilha situações inusitadas que já presenciou durante a rota:
“Teve passageiro que fez confusão com o ônibus. Em vez de descer do que estava, subiu no que estava voltando pra terra dele”.
Alceu Nunes Cavalheiro é motorista há 25 anos e há cerca de dois anos e meio percorre esse trajeto
Duda Romagna/g1 RS
Mesmo assim, Alceu afirma que a maioria dos viajantes é pontual. “É raro precisar correr atrás de alguém. Acho que é o medo de perder o ônibus que faz dar tudo certinho”, disse. Ele ainda observa que o contato com diferentes pessoas torna o trabalho mais interessante: “Cada viagem é uma história diferente”.
Cada viagem pode transportar até 120 passageiros, mas cada ônibus tem 44 lugares. Isso porque são raras as ocasiões em que alguém faz a rota completa, de acordo com Jonathan Fernandes, encarregado de agência da Ouro e Prata em Porto Alegre. Há passageiros que desembarcam e embarcam no veículo em diversas paradas.
Entre os passageiros de uma das viagens que saiu de Porto Alegre estava Rafael Custódio, 27 anos, e sua companheira. Os dois viajavam até a cidade natal: Pato Branco, no Paraná. “Já fiz várias viagens longas. Hoje está confortável. O ônibus permite descansar, diferente do carro, que cansa muito”, disse. Ele mora em Canoas a trabalho e considera o transporte rodoviário vantajoso, inclusive para o bolso.
“Financeiramente, sai quase elas por elas, mas o desgaste do carro não compensa”, avalia.
Sirlei, 54 anos, e Moisés, 70 anos, fazem o trajeto de ida e volta à capital mato-grossense uma vez por ano. “Os motoristas são muito atenciosos. O banheiro é sempre limpo e tem água à vontade”, relatam.
Ônibus sai de Porto Alegre três vezes por dia
Duda Romagna/g1 RS
Eles contam que, em algumas paradas, o tempo acaba sendo pouco para fazer tudo o que precisam.
“Tem vezes que compro comida e tenho que comer dentro do ônibus”, diz Moisés.
Ainda assim, consideram a viagem confortável. “Já estamos acostumados”, afirma Sirlei. “Nada a reclamar”, completa Moisés.
Infográfico – Rota percorre 4.548 km, cruza seis estados e precisa de nove motoristas; saiba o trajeto, preço e curiosidades
Arte/g1
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Fonte: g1
