Vazamento de combustível de aviões atinge canal próximo ao Aeroporto do Recife e moradores denunciam morte de animais e mau cheiro


Vazamento de combustível de aviões atinge canal próximo ao Aeroporto do Recife
Moradores da Rua Tenente Portela, no bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife, denunciam um suposto vazamento irregular de combustível de aviões em um canal que passa pela comunidade (veja vídeo acima). Segundo os relatos, a substância vem do Aeroporto Internacional dos Guararapes e teria provocado a morte de diversos animais, como cágados e peixes, além de gerar mau cheiro.
A moradora Goretti Barbosa disse ao g1 que, desde sexta-feira (31), ela e outros vizinhos vêm sentindo um forte odor vindo do canal. Procurada, a Aena, empresa que administra o aeroporto, confirmou que identificou a presença de combustível de aviação na rede de águas pluviais e está investigando o caso (saiba mais abaixo).
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“De princípio, pensei que alguém estava pintando um carro na frente da minha casa. Aquele cheiro de solvente. Aí olhei e não tinha nada. Quando foi no sábado (1º), quando eu acordei de manhã, o cheiro estava mais forte. Eu disse: ‘não é possível, pera aí’. Quando eu saí na rua, disse: ‘não, é do canal”. Quando eu olhei, estavam os cágados, os pobrezinhos, todos subindo nas pedras, naquele maior desespero, já tinha peixe morto”, contou.
Segundo Goretti, que mora há 45 anos no local, os vizinhos acionaram diversos órgãos de proteção ambiental durante o fim de semana.
Ela contou que, com a ajuda dos outros moradores, conseguiu resgatar 14 cágados do canal, mas apenas nove ficaram vivos. A mulher disse, ainda, que dois biólogos, trazidos por um carro da Aena, foram ao local e recolheram alguns dos animais.
“Hoje, perto do meio-dia, chegaram dois biólogos para recolher os cágados vivos e os mortos, que ontem eu, aqui com o pessoal, a minha vizinhança, nós fizemos o salvamento de 14 cágados. O vizinho emprestou uma caixa d’água, lavamos 18 vezes [os animais]. Mas não adianta, o biólogo disse que tem que ter um produto para lavar. A pele dos bichinhos soltando, hoje só amanheceu nove vivos”, disse.
Morador da mesma rua, Jailton Nunes contou que uma equipe da Guarda Ambiental da prefeitura esteve na região, durante o fim de semana, para apurar o vazamento.
“Veio uma equipe da Guarda Ambiental da prefeitura aqui. Eles tiraram foto e eu fui com eles, porque eu conheço bem o local, e disse: ‘olha, tem um lugar aqui que a gente tem como ver e procurar’. E eles foram filmando, tirando foto. Tem uma linha de trem que passa por trás da minha casa, a gente foi, chegou no pé do muro do aeroporto e a gente detectou realmente que o combustível estava vindo de dentro do aeroporto porque já tinha tartaruga morta na areia. Elas tentaram sair da água e ficaram em cima da areia”, informou.
De acordo com o morador, essa não é a primeira vez que o canal apresenta resquícios de presença de algum produto de vazamento vindo do aeroporto, e ele reclama da dificuldade de contato com a administração atual.
“Moro aqui há 53 anos e a gente nunca teve problema com a Infraero aqui. E se tivesse, qualquer problemazinho a gente ligava, na mesma hora eles vinham e resolvia a situação. (…) A Aena é aquela coisa, é um pessoal que é de fora e eles não estão dando a mínima”, contou.
“Teve um no período do inverno, mas não foi desse jeito, desceu uma quantidade de óleo, mas a chuva que vem desse do aeroporto e o canal enche, o que aconteceu? Ele foi, limpou. A chuva limpou o canal. Mas agora, a água está muito fraca e a quantidade de diesel que desceu, a água não estava dando vencimento”, disse.
Moradores denunciam morte de animais e mau cheiro após vazamento de combustível de aviões
Reprodução/WhatsApp
O que dizem Aena, prefeitura e CPRH
Procurada, a Aena disse que, no sábado (1º), foi detectada a presença de combustível de aviação na rede de águas pluviais e que acionou o conjunto de empresas responsável pelo abastecimento de aeronaves no Aeroporto do Recife para tomar as devidas providências.
A Aena disse, ainda, que está à disposição das autoridades e não informou para onde as carcaças dos animais resgatados pelos moradores foram levadas.
Segundo a companhia, o serviço de abastecimento das aeronaves é gerenciado pela empresa Raízen. O g1 procurou a Raízen, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Já a prefeitura do Recife informou que a Secretaria Executiva de Controle Ambiental e Fiscalização esteve no local no domingo (2) e que o caso está sendo apurado para eventual adoção das medidas cabíveis.
De acordo com o órgão, o decreto municipal 30.324/2017, que regulamenta a lei 18.211/2016, estabelece que o despejo irregular de material poluente em cursos d´água é infração passível de multa que vai de R$ 200 a R$ 500 mil.
O g1 também procurou a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) de Pernambuco, que informou que a competência para a fiscalização ambiental no local é do município.
No entanto, a agência disse que recebeu a informação do suposto vazamento na segunda-feira (3) e, por competência suplementar, vai enviar uma equipe de fiscalização ao local na terça-feira (4).
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Fonte: g1